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Uma escolha pela conexão com o aqui e agora
Ciência e Saúde

Uma escolha pela conexão com o aqui e agora

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Tipo Notícia

 

Falar sobre conexões é unir as pessoas ao tempo, para a psicóloga Gisele Fernandes, 51 anos. "Sempre fui uma pessoa muito sociável, sempre tive muitos grupos (de amigos). E sempre fui muito resistente à tecnologia, mas não sou avessa. A questão é que, simplesmente, acho que rouba tempo para estar com pessoas, com a família", defende.

Gisele mora em Portugal, há 21 anos, com o marido e os dois filhos adolescentes. É ela quem administra a rotina e as horas, a um oceano de distância do restante da família. "Eu quem faço tudo em casa, então, meu tempo tem que ser muito bem distribuído. Uma coisa que não quero é o Facebook", alinha. Mas, como declara, teve que se render ao WhatsApp "por questões políticas, faço parte de uma associação, de um coletivo".

Se, por um lado, aplicativos e outros meios virtuais facilitam os encontros, Gisele vê também o avesso: "Me causa estranhamento as pessoas não perceberem como isso vai entrando na vida e você nem se dá conta". O celular como "um prolongamento da mão", a tentativa da onipresença (de estar em muitos lugares virtuais ao mesmo tempo) pode ser tão encantador quanto ineficiente, considera a psicóloga. "Até em termos mentais, isso vai causando uma divisão tal que o tempo presente vai se perdendo, o estar aqui e agora", contrapõe.

O olhar, focado na tela, tudo e nada vê - ela completa: perde-se o olhar filosófico, a visão maior da realidade, as conexões são superficiais. Daí sua escolha pela conversa de forma real, como tem que ser também a felicidade.

Gisele prefere ainda preservar a privacidade e afirma que não sente falta das conexões virtuais. "Não ando com o celular sempre perto.

Quando vejo (mensagens) e estou com tempo, respondo", subtrai. É possível estabelecer limites e restabelecer relações. "O importante é a qualidade (dos relacionamentos). Saber estar junto, essa é a questão", extrai.

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