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Produtor afirma segurança e eficácia
Ciência e Saúde

Produtor afirma segurança e eficácia

|Agronegócio| Presidente da Abrafrutas defende que o uso dos agrotóxicos ocorre de forma segura no País e aponta a necessidade desta tecnologia para a produção de alimentos
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Tipo Notícia

O uso de agrotóxicos pode ocorrer de forma preventiva ou curativa. Existe um monitoramento das pragas e das doenças que têm capacidade de atacar as plantações. A partir de um determinado número de população da praga ou infestação da doença, há aplicação do defensivo. Quem explica a metodologia de utilização dos agrotóxicos é o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos.

 

"Basicamente, o que se usa são fungicidas, praguicidas e herbicidas. Cada fruta terá uma praga específica. O melão, por exemplo, tem a mosca branca e a mosca minadora. Os herbicidas são para controlar a erva daninha, mas como aqui não chove, a gente usa muito pouco", detalha o produtor. Luiz ressalta que o uso de agrotóxicos nos alimentos é fundamental, principalmente em grandes culturas, onde as doenças se instalam com mais facilidade.

 

Na Caatinga, explica o presidente da Abrafrutas, quando para de chover e, consequentemente, as vegetações diminuem, as pragas procuram alimento. "Quando você planta fruta nessa condições e irriga, a única coisa verde que vai ter, a única seiva, são aqueles alimentos. Então viram o atrativo para todas as pragas", explica. Caso as aplicações de agrotóxico não aconteçam, as possibilidades de perda podem chegar a 100%. As pulverizações, afirma Luiz, são feitas por trator, à noite e com equipamentos que possuem cabines fechadas para que as substâncias não alcancem os motoristas.

 

De acordo com o produtor, pequenos agricultores acabam ficando mais expostos a possíveis intoxicações, porque na maioria das vezes não utilizam Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Além de não serem monitorados por órgãos de fiscalização. "As grandes empresas têm certificações internacionais de boas práticas agrícolas e de sustentabilidade, portanto, cuidam de seus funcionários adequadamente, fornecem EPIs e têm controle na questão sanguínea, para saber se há algum tipo de contaminação", garante Luiz.

 

Ele pondera ainda que o uso de agrotóxicos é uma tecnologia cada vez mais à disposição da agricultura, possibilitando a produção de mais alimentos de forma mais barata. "Com mais produtividade você precisa de menos área física para cultivar uma quantidade maior de alimentos. Você desmata menos, usa menos recursos naturais, agride menos o meio ambiente", ressalta, complementando que atualmente a agricultura alimenta sete bilhões de pessoas no mundo.

 

Sobre as pesquisas realizadas na Chapada do Apodi, Luiz afirma que não recebeu nenhum pesquisador nas empresas que atuam na região. Ele diz desconhecer registro de trabalhadores ou moradores que tenham apresentado algum tipo de problema em decorrência do uso de agrotóxicos, fosse cultivando ou consumindo os alimentos. "Eu sei é que existe um viés ideológico muito grande em relação à Chapada. E não temos muito controle, porque muitos funcionários que trabalham nas grandes empresas, no período das chuvas saem e vão produzir em casa e podem se expor muito mais ao risco ocupacional", declara.

Sara Oliveira

 

RANKING MUNDIAL DO USO DE AGROTÓXICOS POR HECTARE CULTIVADO

 

Japão

11,75 kg/ha


Holanda

4,59 kg/ha


França

2,40 kg/ha


Alemanha

1,9 kg/ha


Brasil

1,16 kg/ha


Fonte: FAO e Banco Mundial

 

EFEITOS DE COMBINAÇÕES QUÍMICAS

Entre as classes de substâncias que compõem os agrotóxicos, destacam-se: organoclorado, organofosforado, piretróide, neonicotinóide e carbamato.

 

INTERAÇÃO

no organismo, os organofosforados e os carbamatos, quando combinados com uma enzima chamada acetilcolinesterase (Ache) - que atua no funcionamento de sinapses nos sistemas nervoso e periférico - a impossibilita de exercer sua função de hidrolisar o neurotransmissor acetilcolina (molécula neurotransmissora que atua na passagem do impulso nervoso dos neurônios para as células musculares) em colina e ácido acético, compostos responsáveis pela transmissão do impulso nervoso no sistema nervoso central.

 

EFEITOS NO CORPO

diarreia, tremores, distúrbios cardiorrespiratórios, náuseas, incontinências fecal e urinária.

 

INTERAÇÃO
no organismo, os organoclorados e piretróides atuam nos canais de sódio da membrana das células nervosas, alterando a despolarização e a condução do impulso nervoso. Eles estimulam o sistema nervoso central e, em doses altas, podem produzir lesões duradouras ou permanentes no sistema nervoso periférico.

 

EFEITOS NO CORPO

secreção nasal aumentada (irritação de vias aéreas), broncoespasmo, irritação ocular, manifestações neurológicas como hiperexcitabilidade, convulsões.

 

Fonte: professor Ronaldo Nascimento, do departamento de Química Analítica da Universidade Federal do Ceará (UFC)

 

Aspectos da lei vigente

O uso de agrotóxico no Brasil está condicionado ao registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

De acordo com a legislação brasileira vigente que incide sobre os agrotóxicos (Lei 7802, de 1989 e regulamentada em 2002), produtos com potencial mutagênico (que podem produzir mutação celular), carcinogênico (capaz de provocar câncer) e teratogênico (que podem provocar má formações fetais) têm o registro proibido.

 

Muitos agrotóxicos têm registro há mais de 40 anos no País

Conforme a Anvisa: "Os agrotóxicos, componentes e afins possuem validade indeterminada, podendo ser cancelados nos casos de reavaliação toxicológica, de impossibilidade de serem sanadas irregularidades identificadas ou quando constatada fraude".

 

Em 2008, a Anvisa colocou 14 ingredientes de agrotóxicos em reavaliação, mas o processo ainda não foi concluído.

 

Em 2012, cinco ingredientes de agrotóxicos foram banidos.

Devido à variedade de princípios ativos que podem ser utilizados nas formulações de diferentes produtos, os agrotóxicos são agrupados em classes de acordo com a similaridade química de suas substâncias. Dentre as classes mais relevantes destacam-se os Organoclorados, Organofosforados, Neonicotinóides, Piretróides e Carbamatos.

 

Fonte: Instituto do Câncer (Inca), Anvisa

 

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