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Há quem afirme: ficar menos online abre espaço e retoma o tempo para os reencontros e as relações afetivas. Por outro lado, a tecnologia tem mediado as relações humanas, modificando-as em todos os aspectos, concorda a psicóloga Anna Lucia King: "Até no uso do meio ambiente, que estamos destruindo com os lixos eletrônicos. Mas também está mudando para melhor, nas relações sociais, os contatos são mais rápidos".

Isso não quer dizer que se comunicar com o mundo inteiro estabeleça mais proximidade entre as pessoas, contrapõe a psicóloga. Cada um mantém distância, por exemplo, quando está no celular em meio a um encontro presencial - um almoço ou um jantar, uma festa, uma viagem.
[SAIBAMAIS]
"Quando você se relaciona com outra pessoa, existe outro universo: o meu e o seu", defende a psicóloga Luciana Nunes. A criatividade é liberta, ela extrai da vivência sem celular e wi-fi que propõe, nos fins de semana, durante o programa de detox digital do Instituto Psicoinfo. "Quando se está preso ao dispositivo, fica preso àquele mundo. (Desconectar) É como se você abrisse uma porta de oportunidades que estão do outro lado", compara.

Mas ela também reconhece, por estudos que realizou, "que diminuir o tempo online não significa que as relações vão ficar melhores presencialmente. Não é o tempo que a pessoa está conectada, mas sim qual o investimento que ela faz nas relações digitais". E qual o investimento feito na realidade, soma: "É muito mais em reaprender a ter relacionamentos significantes".

A descoberta do tempo e do espaço dos (re)encontros é uma experiência de cada ser humano, reforçam as especialistas ouvidas pelo O POVO. On ou off, o olhar muda de todo jeito. Se a conexão digital significa um infinito de descobertas sobre tudo e sobre todos, o contato real, igualmente, possibilita um infinito de descobertas sobre o mundo e as pessoas; inclusive, sobre si mesmo. (Ana Mary C. Cavalcante)

LIVROS

Etiqueta Digital e Cartilha Digital (EducaBooks) - lançados este ano, por pesquisadores do Instituto Delete, os dois livros abordam o uso consciente da tecnologia. O primeiro, para adultos, traz regras de comportamento e informa sobre leis. O segundo, para crianças, ajuda na identificação do uso abusivo e no tratamento do problema. Podem ser encontrados em livrarias virtuais, a preços sugeridos em R$ 35 e R$ 25, respectivamente.