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Canal de cearense no Youtube leva informações sobre o vitiligo
Ciência e Saúde

Canal de cearense no Youtube leva informações sobre o vitiligo

| REDES SOCIAIS | Bruna encontrou no olhar artístico a força para a aceitação. Em um blog e um canal no Youtube, ela fala sobre o cotidiano de quem tem vitiligo, preconceito, terapias, dicas de cuidados. Informação também trata
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As manchas mais parecem nuvens. Em tempos de agonia, chega um céu nublado cheinho delas. Em tempos solares, o céu domina e fica só uma ou outra para compor a paisagem. A metáfora veio da mãe de Bruna Sanches, 31, e abriu precedente para um caminho em que a arte e a poesia trouxeram aceitação e amor próprio. Foi a partir daí que surgiu, para a designer, uma segunda pele e um jeito novo de ver a vida.


O vitiligo surgiu aos 18 anos. Além de abordagens médicas desagradáveis, o preconceito e as frustrações foram etapas difíceis de superar. Mas em 10 anos, algo novo se desenhou.


Como forma de fazer com que outras pessoas também tivessem um novo olhar e mais informações sobre o vitiligo, Bruna criou um blog e um canal no Youtube: Minha Segunda Pele. Há dois anos, o canal traz depoimentos, opiniões clínicas e a história de outras peles. Até a última semana, já foram mais de cinco mil visualizações.

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“Em uma mesma semana um cara disse que achava lindas as minhas manchas e uma amiga pediu para eu colocar as minhas mãos na direção de uma jabuticabeira para fazer uma foto e eu achei muito bonito”, explicou a designer. Foi então que surgiu a ideia de se fotografar, de se apropriar das manchas e ver nelas beleza. O olhar poético me ajudou muito, a arte foi o principal processo para a cura”, afirma.


A cura, para ela, nem de longe é o fim das manchas. Um dos últimos procedimentos médicos, que seria um enxerto de pele, foi inclusive recusado. A cura neste caso foi parar de se machucar, nos aspectos práticos e psicológicos. “Então eu criei o blog e comecei a escrever sobre isso. Era um desabafo que começou a dar muito certo, eu sentia necessidade e as pessoas me escreviam muito, mas com o tempo senti necessidade de estar mais próxima”, conta. O que resultou na criação do canal de vídeos.


De acordo com ela, apesar de existirem estudos, ainda são poucas as informações sobre o assunto. Além disso, havia a necessidade de falar do dia a dia e do convívio com a doença. “Hoje, no Brasil, está na moda falar de inclusão, de outros padrões de beleza, uma modelo representando, mas o grande foco do projeto, no fim das contas, é que não tinha uma pessoa real e que está ali contando como é viver com as manchas. Vejo que as pessoas se sentem mais à vontade”, diz.


Bruna conta que, apesar de ter parado os tratamentos clínicos, ainda toma cuidados como os de qualquer pessoa, usa protetor solar, tenta se sentir mais tranquila com a vida e entendeu que não há nada limitado pelo vitiligo. Carnaval, praia, e, inclusive, tatuagens. “Fiz porque estava cansada de marcas que eu não tinha escolhido ter. Hoje tenho 14 tatuagens”, conta


Ela reforça que cada pessoa tem seu processo e que todos devem ser respeitados. “Eu mesma levei 10 anos até sentir isso de forma tranquila”. E, hoje, o principal motivador é ver a identificação e autoestima de outras pessoas. É fazer que outras pessoas enxerguem o céu como a gente vê aqui no Ceará. Aqui na nossa terra, um dia cheio de nuvens, não é dia ruim, é céu bonito pra chover”.

Eduarda Talicy

 

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