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A vida com vitiligo
Ciência e Saúde

A vida com vitiligo

| PELE | Apesar de avanço nas pesquisas, ainda há muita desinformação em torno da doença. Superação do preconceito e retomada da autoestima são fundamentais
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Sem dor, sem transmissão, sem coceiras no corpo, o vitiligo é, principalmente, um estigma social. Wilson Accioly, dermatologista e coordenador do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, explica que se trata de uma doença autoimune que na maioria dos casos tem início até os vinte anos de idade. Há um processo inflamatório que agride as células que produzem melanina, causando as manchas acrômicas. Fatores genéticos também podem estar associados.


O dermatologista explica que o tratamento não é o mesmo para todos os pacientes, variando de acordo com o tipo de vitiligo, a velocidade de crescimento das lesões e as áreas onde as manchas se manifestam.


“O vitiligo é uma doença sem resultados do dia para a noite. Na maioria das vezes a orientação de retorno é só em seis meses. Tudo ocorre de forma lenta”, explica. Quando a lesão ocorre nas extremidades, como dedos das mãos, o tratamento é mais difícil. Isso ocorre porque, em geral, essas áreas têm poucos folículos pilosos, que possuem mais melanócitos.


A demora na resposta fez com que Carlos Alfredo de Freitas, 55, desistisse das terapias de reversão das manchas. “Eu tive o vitiligo depois que minha esposa adoeceu. Tentei alguns tratamentos mas não vi diferença em nenhum deles, então, parei”, diz. Atualmente, ele tem cerca de 70% do corpo tomado pelas manchas claras.


A visibilidade é cada vez maior, mas o atendente de supermercado conta que, num caminho oposto, lida melhor com o preconceito. “Já teve gente que não quis sentar do meu lado no ônibus, gente que olha torto, mas hoje eu tenho muito apoio da minha família e não esquento a cabeça com mais nada”, diz.


Conforme Araci Pontes, diretora do Centro de Dermatologia Sanitária Dona Libânia, as questões psicológicas têm bastante interferência tanto no surgimento quanto na proliferação das manchas. Ela afirma que cerca de 100 pessoas com a doença são atendidas todos os meses na unidade - referência na rede pública estadual.


A médica acredita que ter o máximo de informações sobre a doença ajuda a desestigmatizá-la. Mas orienta que nem tudo o que está na internet é confiável. O ideal é buscar em sites de notícias ou sites médicos oficiais. “No mais, é importante saber que nem toda mancha branca é vitiligo. Só um médico dermatologista pode dar um diagnóstico correto e a melhor alternativa para cada caso”, conclui.

 

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