Logo O POVO+
Uma viagem por todo o universo
Ciência e Saúde

Uma viagem por todo o universo

Pesquisador Oswaldo Miranda escreve sobre as importantes contribuições de Hawking para a Ciência
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL

OSWALDO D. MIRANDA

PESQUISADOR DO INPE

oswaldo.miranda@inpe.br

[FOTO1]

Stephen Hawking talvez seja o segundo nome que venha a cabeça das pessoas quando perguntarmos: dê o nome de um físico famoso; o primeiro lugar, provavelmente, ficará com Albert Einstein.


Hawking é um nome popular e mundialmente conhecido pelos seus livros de divulgação científica, em que, talvez, os dois maiores destaques sejam “Uma Breve História do Tempo” e “O Universo numa Casca de Noz”. Mas além de grande divulgador científico, ele foi um cientista que deu importantes contribuições à física e à astrofísica.


Nos anos 70, Hawking estabeleceu teoremas fundamentais sobre os buracos negros, fazendo a previsão teórica de que esses objetos emitiriam radiação; hoje a chamamos de “radiação Hawking”. Essa radiação seria uma impressão digital dos buracos negros e ao mesmo tempo possibilitaria, através dos teoremas de Hawking, usá-los como objetos que fazem a conexão da relatividade geral com os princípios fundamentais da mecânica quântica. Esses resultados acabaram direcionando parte dos trabalhos seguintes de Hawking, que focaram na tentativa de construir uma “teoria de tudo” que permitisse unir a chamada teoria de campos (mecânica quântica) com a gravitação.


As quatro forças fundamentais que tudo governam no universo podem ser agrupadas, três delas, na teoria de campos (que estuda as partículas elementares e suas generalizações “campos”) e a gravidade, em separado, descrita pela relatividade geral de Einstein.


Ao longo dessa jornada em busca de uma única teoria que permitisse tudo descrever no universo, Hawking acabou nos brindando com um vasto conjunto de importantes resultados que aprofundaram nosso conhecimento sobre o universo.


Ele contribuiu com trabalhos sobre o universo primordial (período de tempo muito próximo ao Big-Bang – popularmente conhecido como “Grande Explosão”); a natureza física do espaço e do tempo; contribuiu com conceitos que se tornaram importantes na chamada teoria de cordas (uma das teorias hoje existentes que tenta unificar, ou juntar, as quatro forças numa única força fundamental); nos colocou próximos de conceitos completamente diferentes do nosso dia a dia como os buracos de minhoca, estabelecendo-os, conceitualmente, como possíveis elos de ligação do nosso universo com outros, hipotéticos, universos - algo que posteriormente deu origem ao chamado modelo de multiverso (modelo de múltiplos universos).


Esses empolgantes temas de pesquisa motivaram muitas pessoas ao redor do mundo, ao longo dos últimos quarenta anos, a seguir os seus passos e se tornarem cientistas. Hawking teve uma mente brilhante vinculada a um corpo com fortes limitações físicas, mas em nenhum momento sua mente ficou aprisionada, limitada, por essa condição; a mente de Hawking viajou por todo o universo produzindo conhecimentos que servem, e servirão, de sólido alicerce para a física deste século.


Oswaldo Duarte Miranda é pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB)

 

ÍCONE TAMBÉM DA CULTURA POP


Ele participou em “Star Trek”, nos “Simpsons” e até na sitcom “Big Bang Theory”.


Poucos entenderam seu livro “Uma Breve História do Tempo”, mas sua personalidade e paixão pela ficção científica transformaram o astrofísico britânico Stephen Hawking em um ícone da cultura pop.


Enquanto a mente brilhante por trás da teoria da relatividade era instantaneamente reconhecida pelo cabelo indisciplinado de “cientista louco” de Albert Einstein, a cadeira de rodas de Hawking e sua voz sintetizada também o ajudaram a encontrar seu lugar no imaginário popular.


Hawkings foi mencionado em videogames e apareceu em séries como ele mesmo.

 

Sua vida foi também levada ao cinema em três filmes biográficos.


“Ele colocou a si próprio em cena, já que queria que as ciências fossem acessíveis e atrativas. Interpretar um papel em uma série de televisão fazia parte de seu desejo de divulgação”, explica Marjolaine Boutet, historiadora da Universidade francesa Jules Verne e especialista em séries de televisão.


FONTE: AFP

 

 

O que você achou desse conteúdo?