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Subnotificação de casos de amputação de dedos preocupa médicos
Ciência e Saúde

Subnotificação de casos de amputação de dedos preocupa médicos

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Amputação de partes do corpo por acidentes (de trabalho, de trânsito...) é mais comum do que mostram dados locais, preocupam-se os especialistas ouvidos pelo O POVO. “Os casos sempre existiram. Segundo estatísticas mundiais, estão acontecendo, a toda hora, ao nosso redor”, afirma o ortopedista Valberto Porto. “Até junho do ano passado, em sete anos, fiz três reimplantes. De junho de 2017 para cá, cinco”, demonstra o aumento no número de casos, no Ceará.


De acordo com o ortopedista João Mamede, o perfil geral dessas pessoas é de “homens, em idade produtiva e trabalhadores braçais”. Uma lesão típica, exemplifica, é a provocada por serra circular – usada para cortar madeira e outros materiais. De cinco pacientes dele, três apresentaram essa lesão. Traumas causados por correias e máquinas são apontados, pelo ortopedista, como os mais difíceis de reconstituir.


Valberto Porto dialoga: é preciso tornar a cirurgia de reimplante mais acessível. Ele aponta que a prática ainda “não existe no serviço público. Precisa de um material específico e não está disponível. E, mais do que isso, precisa do colega (equipe médica) à disposição. De uma equipe preparada”, demanda. “Quem não tem a vivência e o conhecimento fica a impressão de que não é possível reimplantar... Sempre vale a pena. Existem casos de indicação absoluta e outros, de indicação relativa”, conclui.


“É uma cirurgia gratificante tanto para o cirurgião quanto para o paciente”, reforça Breno Pessoa, cirurgião plástico que também participou do reimplante múltiplo realizado no Ceará.


Das cirurgias feitas pela equipe médica que reimplantou os dedos do metalúrgico Francisco Nogueira Maia Júnior, “todos (pacientes) já estão trabalhando”, destaca João Mamede. “Fico mais satisfeito quando eles mandam vídeos trabalhando. A gente realocou o indivíduo na sociedade, ele não ficou marginalizado”, soma.

Ana Mary C. Cavalcante

 

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