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| TRATAMENTO | Reprodução assistida é uma opção para mulheres com endometriose
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Mulheres com endometriose que sonham com a maternidade têm encontrado na reprodução assistida um caminho para gerar filhos a partir do próprio útero. Para a arquiteta Teresa Abath, 44, mãe da Maria Clara de um ano e quatro meses, o caminho para a maternidade foi concretizado com a segunda fertilização in vitro (FIV). O percurso exigiu muita coragem e superação.
 

Após anos sofrendo com dor, Teresa descobriu aos 24 anos que tinha endometriose. “Chegava a deitar no chão e me contorcer de dor”, lembra. A primeira cirurgia veio em 1998, quando retirou a trompa direita e já notou melhora na qualidade de vida. Porém, mais três intervenções foram necessárias, levando à ressecção de 13 cm do intestino.
 

Em 2016, a arquiteta tentou a segunda fertilização, pois na primeira vez o embrião não se fixou no útero. A gravidez, no entanto, foi de alto risco, exigindo de Teresa paciência e repouso. Diagnosticada com incompetência istmo-cervical, que faz com que o útero se dilate com o peso do bebê, ela passou 21 dias hospitalizada e mais 60 dias deitada em casa, sem poder levantar.
 

Firme no propósito de segurar a vida no ventre, Teresa conta que cada dia de gravidez era uma vitória. Com 28 semanas de gestação, a bolsa rompeu e a filha precisou passar 51 dias na UTI Neonatal. “O importante é não perder a fé que vai dar certo. Foi a isso que me agarrei. Vivi um dia de cada vez”, lembra. Às mulheres que querem ser mães, a arquiteta ressalta a importância de não desistir, apesar dos vários ”nãos” recebidos ao longo da vida.
 

Das mulheres com subfertilidade, 40% delas podem ter endometriose, aponta Fábio Eugênio, ginecologista especialista em reprodução assistida e um dos sócios da Bios – Centro de Medicina Reprodutiva, em Fortaleza. “Quase metade das pacientes que eu atendo com dificuldade para engravidar tem algum fator relacionado à endometriose”, relata.
 

Segundo Fábio, a endometriose diminui a fertilidade, mas o grau varia, sendo necessário avaliar caso a caso. Há pacientes com doença severa que engravidam naturalmente e outras com endometriose mínima e não conseguem. O fator que mais impacta na maternidade, no entanto, é a idade. 

“A mulher nasce com um a dois milhões de óvulos e vai perdendo ao longo da vida, sem renovar”.
 

O ápice da fertilidade, explica o médico, é até os 25 anos, tendo a mulher a chance mensal de gravidez em torno de 20% a 25%. Aos 35 anos, esse índice cai para 15%, e aos 40 anos fica em 5% por mês a chance de engravidar naturalmente.
 

“Existe uma queda muito importante, porque os óvulos vão envelhecendo”. Portanto, depois dos 35 anos não se pode perder tempo, alerta Fábio. “Se com seis meses de tentativas naturais o casal não conseguiu engravidar, já deve procurar especialista para fazer avaliação mais aprofundada e ver se necessita de tratamento”. (Cristina Fontenele) 

 

REPRODUÇÃO ASSISTIDA
 

Entre as opções de reprodução assistida, existem a indução, inseminação e a FIV.

Na indução, a mulher toma remédio oral para estimular a ovulação, sendo orientada a ter relação sexual em determinada época do ciclo. Com isso,aumenta a chance de gravidez para até 20%, quando tem idade até 30 anos.

A inseminação, por sua vez,estimula a produção de dois a três óvulos. No dia da ovulação, que é acompanhada por ultrassom, o casal vai à clínica onde é feita uma coleta de sêmen do homem, que passa por um preparo laboratorial chamado de “capacitação do sêmen”. Em seguida, o preparo é inserido no útero da mulher, próximo à trompa. “A partir desse momento, tudo vai acontecer naturalmente no organismo. O objetivo é sincronizar o processo natural da reprodução”, explica o médico Fábio Eugênio. Com o método, a chance de gravidez é de 15% a 20%.

Na FIV, a estimulação é mais forte para que a mulher produza de 10 a 15 óvulos. Quando estiverem maduros, os óvulos são captados e recebem os espermatozoides selecionados a partir do sêmen do marido, ou de algum doador se a mulher for solteira. Os embriões formados ficam sob cultivo até cinco dias, quando são transferidos para dentro do útero. “Normalmente se transfere dois embriões por tentativa”, diz Fábio. Os demais ficam congelados pela técnica da vitrificação.

Em pacientes até 35 anos, a chance de gravidez é de 60% a 70% com a FIV. Os valores do procedimento vão de R$ 15mil a R$ 20 mil, incluindo as medicações. 

 

 

NOVELO DAS MULHERES COM ENDOMETRIOSE


Frases ouvidas por mulheres que sofrem com a endometriose
 


> A vida como um novelo
 

> Quando casar passa
 

> Você não tem tanta dor
 

> Tem um filho que melhora
 

> Você é hipocondríaca
 

> Isso é frescura
 

> Só vive em hospital
 

> Angústia
 

> Medo
 

> Precisa ser mais forte
 

> Solidão
 

> Como tu vai ter filho se tu não aguenta uma cólica
 

> Dor física e mental
 

> A dor mental é pior que a dor física
 

> Não pode ser verdade essa dor que ela diz ter
 

> Tu tem endometriose? Tadinha, não vai poder ter filho
 

> Sua dor é psicológica
 

> É coisa da sua cabeça
 

> Estressada
 

> É manha
 

> É tão doente
 

> Infertilidade


Palavras que representam o desejo por uma vida com mais qualidade

> Coragem
 

> Superação
 

> Qualidade de vida
 

> Saúde
 

> Liberdade
 

> Superação
 

> Serenidade
 

> Amor
 

> Resiliência
 

> Compaixão
 

> Empatia
 

> Vitalidade
 

> Energia
 

> Realização
 

> Força


Fonte: Projeto Mulheres e Novelos

 

ORIENTAÇÕES PARA A MULHER
1. Observar o próprio corpo e os sintomas.

2. Procurar ginecologista especializado em endometriose.

3. Buscar informações nos setores públicos, nas mídias e meios de comunicação.

4. Procurar apoio nos grupos para compartilhar experiências, informações e sentir-se acolhida.

5. Não ter preconceito em relação ao tratamento, no uso das medicações.

6. Melhorar a qualidade de vida com atividade física, apoio nutricional e psicoterápico.

Fonte: Kathiane Lustosa, coordenadora do Setor de Endometriose e Cirurgia Laparoscópica da MEAC-UFC   

 

CONHEÇA OS SEIS GRUPOS DE SINTOMAS QUE PODEM INDICAR ENDOMETRIOSE


1. Dor ao menstruar (dismenorreia) com cólica intensa, que não cede apesar de remédios e, em alguns casos, sendo preciso tomar medicação na veia. Dor que ocasiona faltas ao trabalho/estudo e prejudica a vida social.

2. Dor na relação sexual (dispareunia), principalmente quando ocorre a penetração mais profunda.

3. Dor fora do período menstrual.

4. Alterações intestinais durante período menstrual, como diarreia, constipação ou dor ao evacuar.

5. Alterações urinárias durante período menstrual, como dor ou infeção urinária.

6. Infertilidade. 

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