Foi durante as “vacas gordas” da economia brasileira que o Instituto Superior de Ciência Biomédicas da Universidade do Ceará (Uece) conseguiu começar a construir um biotério, local onde animais são conservados para experimentos científicos. Procedimentos voltados, principalmente, para a saúde, como a produção de vacinas e soros. Hoje, o instituto não tem dinheiro sequer para pagar contas com geradores de energia. Um detalhe elétrico que pode arruinar pesquisas e jogar no lixo milhares de reais já gastos.
Mensurar o impacto que os cortes sofridos pelas diversas instituições de ensino nas unidades federativas é difícil. Mas, na prática, dentro dos laboratórios e no dia a dia dos pesquisadores, a situação é clara. A estudante de Enfermagem Gabriela Maximiniano estuda os efeitos da lidocaína, um anestésico, no sistema nervoso dos ratos. O objetivo é, um dia, descobrir se algum óleo natural cumpre o mesmo papel do remédio, com menos efeitos colaterais e, provavelmente, custos mais baixos.
A estudante explica que para tratar os animais diabéticos que fazem parte da pesquisa (muitos projetos do instituto são direcionado ao tratamento de pessoas diabéticas) alguns detalhes são extremamente relevantes. “Parece fácil, mas manter um animal não é simples. Já vi mestrandos tirarem dinheiro do bolso para comprar fios, fitas para glicemia, ração. No caso da pesquisa com animais diabéticos, por exemplo, eles precisam de condições boas, porque já estão debilitados. Tudo isso colabora no futuro, quando eu for utilizar os dados”, descreve a estudante.
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Esse é um dos principais efeitos, conforme ele, dos prejuízos que a redução de investimentos em pesquisa pode trazer. No Brasil, na avaliação de Nilberto, a falta de Ciência gera um ciclo que prejudica diversos setores. “Livros, equipamentos, insumos… tudo é importado, a um alto custo e com muita burocracia. Se pedimos um reagente hoje, ele chega quase cinco meses depois”, destaca. No segmento de fármacos essa realidade é mais visível. No Sistema Único de Saúde (SUS), a demora para adquirir medicamentos é responsável por condições severas de vulnerabilidade.
Sara Oliveira