Ciência, inovação e tecnologia. Um tripé que sustenta grandes países do mundo. No Brasil, os principais alvos de cortes orçamentários. Menos bolsas para acadêmicos e pesquisadores, queda acentuada de financiamentos a projetos, pouca — ou nenhuma — perspectiva de que o País construa uma política que realmente subsidie a produção científica para o futuro.
Para o diretor do Instituto Superior de Ciências Biomédicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Nilberto Nascimento, a problemática nos laboratórios de pesquisa está mais acentuada. Consequência de uma cultura de dependência tecnológica exterior e primarização da economia interior (com forte dependência agropecuária, de minério e petrolífera). “Nos países mais desenvolvidos, durante uma crise, se aumenta o fomento à pesquisa e inovação. No Brasil, infelizmente, vemos uma crescente queda”, analisa.
[SAIBAMAIS]O presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e Institutos de Pesquisa (Confies), Fernando Peregrino, comenta que países emergentes ou que queiram se manter na ponta da economia mundial estão investindo volumes cada vez maiores em ciência e inovação, principalmente. “Estamos em uma corrida. Se outros países investem e a gente reduz, significa que estamos aumentando a distância acelerada entre nós e eles”, alerta.
A economia, reconhece o principal órgão brasileiro de fomento à pesquisa científica, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), precisa de uma recomposição orçamentária. Para este ano, a perspectiva é de que o orçamento previsto seja cumprido, já que o órgão considera “o papel da pesquisa científica imprescindível para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, como demonstra a história”.
O Ciência & Saúde de hoje discute o cenário da pesquisa científica no Brasil. Qual o potencial existente e como ele é utilizado. Pesquisadores falam das dificuldades para manterem projetos importantes em pé, ao mesmo passo que avaliam sua importância para a sociedade. Muitas vozes afirmam: a Ciência deveria ser a saída de muitos problemas e não sua causa.