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A realidade além das histórias
Ciência e Saúde

A realidade além das histórias

O faz de conta tem papel lúdico e promove o desenvolvimento do componente cognitivo das crianças, incluindo lógica, inteligência verbal e compreensão moral
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Não é que a Ana Cecília Colaço Cavalcante, 13, não acredite mais em Papai Noel. “Tipo, eu acredito que já existiu um Papai Noel e que até hoje ele traz paz, esperança”, justifica a garota citando a história de São Nicolau, um generoso santo da Igreja Católica celebrado no dia 6 de dezembro e conhecido por presentear crianças. “Ela acredita no espírito de Natal”, complementa sua tia, a professora de português Isolda Colaço Pinheiro, 43.


Com o passar dos anos e a chegada da pré-adolescência, Cecília ressignificou, sozinha, a crença no Papai Noel. Isso, para alguns psicólogos, acontece de forma natural, sem que os pais precisem interferir. “Pra criança muito pequena, fantasia e realidade se misturam ainda. Lá na frente, se ela chegar a perguntar se existe mesmo, os pais não necessariamente precisam mentir pra alimentar a fantasia. Depende do ritmo da criança”, pondera a psicóloga e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Luciana Quixadá.

[SAIBAMAIS]

A profissional destaca ainda que, até ser reconstruído, o faz de conta funciona como uma atividade lúdica que desenvolve o componente cognitivo dos pequenos, incluindo lógica, inteligência verbal e compreensão moral. “Criança que descobre determinadas ‘verdades’ sobre personagens que ela tanto gostava não vai deixar de ir pra outros personagens”. Assim, para Luciana, “a fantasia nunca vai embora e é bom que não vá”.


Além disso, a psicóloga e diretora da consultoria Caleidoscópio Brincadeira e Arte, Adriana Klisys, sustenta que não conhece um adulto que seja traumatizado por ter acreditado em Papai Noel.

Independentemente de idade, se entregar à fantasia, para Adriana, se assemelha a assistir a uma telenovela, filme ou espetáculo teatral. “Adulto, quando está vendo novela, até chora com morte de galã. Vamos proibir porque é uma mentira?”, compara.


“Acho que os pais precisam agir, de fato, como adultos. No sentido de ter uma maturidade emocional diferente da criança. A criança tem voz na sociedade atualmente, mas é um sujeito em desenvolvimento”, complementa Luciana Quixadá. Ela diz que os pais, como veteranos no mundo, têm a função de apresentar a realidade para a criança de forma que ela tenha consciência de que existe algo além da fantasia.


Por exemplo, se um filho pede uma bicicleta, mas aquela família não pode comprar, os pais precisam pensar de forma prática. “O que posso dar pro meu filho naquele momento? Posso dar alguma coisa? Se posso, tem que ser algo que esteja ao meu alcance, ainda que não seja o que meu filho pediu. E ele tem de lidar com isso”, orienta a psicóloga. (Luana Severo)

 

DICA DE FILME

 

A Origem dos Guardiões


Papai Noel, Coelho da Páscoa, Fada do Dente e Sandman são protetores das crianças e das lendas infantis. Um dia, um espírito maligno ameaça transformar todos os sonhos das crianças em pesadelo e os heróis lutam para salvar a inocência infantil.

 

A HISTÓRIA DE NOEL


São Nicolau era um monge humilde, amigo das crianças, quando ajudou uma jovem a não ser vendida pelo próprio pai. Conta a lenda que, para impedir o feito, ele jogou uma bolsa de moedas de ouro suficiente para pagar o dote de casamento dela. Anos depois, foi reconhecido pela Igreja Católica como santo. Desde então, o dia 6 de dezembro celebra seu nome.

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