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O uso da realidade virtual para enfrentar fobias
Ciência e Saúde

O uso da realidade virtual para enfrentar fobias

A realidade virtual beneficia pacientes com maior agilidade no tratamento de fobias. A alternativa ainda tem custo elevado, mas deve ser popularizada no Brasil, segundo especialista
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Psicóloga clínica especialista em transtornos da ansiedade, Nataly Martinelli aderiu aos óculos de Realidade Virtual (RV) como alternativa terapêutica. Desde julho, pelo menos uma dúzia de pacientes foram beneficiados com a novidade. Ela considera o método uma tendência internacional para a psicologia, popularizada após a redução de custos tecnológicos. “Ficou muito mais acessível com a chegada dos smartphones. É largamente usada fora do Brasil desde 2013”, afirma. Os primeiros usos, porém, aconteceram nos Estados Unidos, há mais de 20 anos, para tratamentos de estresse pós-traumático.


Em aplicativo para dispositivos móveis, desenvolvido por 30 psicólogos europeus, estão simuladas as situações de fobia. Nos óculos, conectados a um smartphone, são exibidos sons e imagens controlados pelo terapeuta, em computador, simultaneamente. O paciente entra em contato gradativamente com o ambiente causador do medo.

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No caso da aerofobia (medo de viajar de avião, mais comumente), a aeronave e seu funcionamento são simulados e a inserção é feita aos poucos. É possível sentir-se na sala de embarque, depois, dentro do avião, o momento da decolagem, turbulências, dentre outras situações.


Ferramentas terapêuticas

Nataly frisa que os óculos de RV são apenas uma das ferramentas terapêuticas. “Corroboram, mas não são exclusivos. Além dos óculos, acompanho esse paciente em cenários mais reais, como um simulador de voo completo (de quatro dimensões). Um piloto profissional também explica a parte técnica”, enumera. As técnicas adotadas por ela, que incluem a hipnose e o reforço à dessensibilização, são combinadas para a superação da fobia, de acordo com ela.

 

No caso de pacientes diagnosticados com síndrome do pânico, além dos óculos, são aplicadas técnicas de respiração, relaxamento

progressivo (para controle da ansiedade) e meditação.


Agilidade

Para a psicóloga, o avanço tecnológico reduz o tempo dos tratamentos. “Antes, a exposição ao estímulo fóbico tinha de ser feita com a própria imaginação, o que já era empecilho para parte dos pacientes”, completa, exemplificando com caso de mulher aicmofóbica (fobia de agulhas e injeções). Há oito anos, a paciente não tomava vacinas. Dois anos de terapia convencional não foram suficientes mas, com dois meses no uso de RV, os resultados foram percebidos, “para a surpresa de todos”, como conta Nataly.

Neste tipo de tratamento, o paciente pode ver e sentir-se em um ambiente hospitalar, desde a fila de espera, acompanhando virtualmente outros pacientes sendo submetidos a procedimentos de coleta de sangue até chegar a sua vez.


A partir da experiência de uso do aplicativo no óculos de RV, gráficos de acompanhamento também são elaborados. Com eletrodos nos dedos indicador e médio e análise das glândulas sudoríparas das mãos, o nível de ansiedade pode ser medido, avaliando assim a evolução do paciente entre sessões.


Pânico de dirigir, medo de animais, oratória, claustrofobia e até medo de escuro (para crianças) são outras questões trabalhadas com auxílio da RV. Nataly admite que o tratamento com esta tecnologia não é de baixo custo, mas garante que o custo-benefício vale o investimento. Valores não foram mencionados. Ela espera que, com a expansão da tecnologia no País, mais terapeutas utilizem, barateando os custos e tornando a alternativa mais acessível aos pacientes. (Lucas Braga/ especial para O POVO)

 

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