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Uma alternativa para o tratamento contra leucemia
Ciência e Saúde

Uma alternativa para o tratamento contra leucemia

A imunoterapia, recém-liberada pela Anvisa, é alternativa a pacientes que não responderam satisfatoriamente a outros tratamentos
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Novo tratamento contra a leucemia linfoide aguda (LLA) reincidente “ensina” as células de defesa do organismo do paciente a detectar e atacar as células tumorais e, simultaneamente preserva células sadias. Paciente de Fortaleza foi o primeiro do Brasil, na fase comercial, a obter a inovação.


Há três meses, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia aprovado a imunoterapia, mas só liberou para comércio no último dia 30. Desde 1º de setembro, o Blincyto (Blinatumomab) é usado em paciente de Fortaleza, no hospital São Camilo Cura D’Ars.


Plano de saúde custeia as 28 aplicações do ciclo do paciente fortalezense, cuja identidade não pôde ser divulgada por ética médica. Cada aplicação do Blincyto tem valor superior a R$ 10 mil. Até cinco ciclos podem compor o tratamento, dependendo da resposta do paciente e da decisão médica.

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O tratamento, além de caro, pode ter como consequências reações anafiláticas fatais e requer atenção continuada da equipe médica. Nas primeiras semanas, o risco de óbito é de 19%, conforme os estudos.


Marta Lemos, hematologista e gerente médica da área de Hematologia e Oncologia da biofarmacêutica Amgen, empresa fabricante do Blincyto, pondera que 58 pessoas já foram beneficiadas pelo fármaco, nas fases de testes no Brasil, através de Programa de Acesso Expandido. “A LLA é agressiva e se não tratada com medicamentos poderosos para conter, o progresso é muito ruim. O mais importante é o impacto que a nova imunoterapia traz aos pacientes, dando novas chances de resposta e sobrevida”, comemora.


Podem ter acesso ao medicamento pessoas com mais de 18 anos, que não tiveram resposta a outros tratamentos. Estudos já são feitos para outras indicações, inclusive outros subtipos de leucemia e tratamento em crianças. Pacientes com menos de 18 anos são, inclusive, quase 60% dos diagnosticados com LLA, segundo Marta.


Para o responsável pelo tratamento do paciente no hospital São Camilo e pós-doutor em Hematologia, Ronald Pinheiro, o medicamento simboliza nova perspectiva para pacientes diagnosticados com LLA. “Após a quimioterapia, não havia outra saída. A nova tecnologia é, então, mais uma arma no arsenal terapêutico”, frisa. Ele avalia que o processo realizado em Fortaleza apresenta boas respostas nesta fase inicial.


Estudo

Estudo publicado em março deste ano, no New England Journal of Medicine, comparou a ação da molécula Blinatumomab com a quimioterapia tradicional. A pesquisa, realizada com 405 pacientes, “resultou em sobrevida global significativamente maior do que a quimioterapia”. A vantagem, segundo Marta, é o inovador duplo mecanismo de ação da substância. O anticorpo monoclonal biespecífico é fabricado em laboratório e, ao ser aplicado no paciente, em infusão contínua, ativa a defesa do próprio organismo do paciente para destruir as células tumorais da leucemia, fazendo com que elas “se matem” (apoptose). Por outro lado, liga-se à célula imune do paciente, “colocando o sistema imunológico contra a doença”, conforme explica Marta.

 

“Apesar da medula muito invadida, permanecem células com potencial de responder à medicação, a qual estimula ainda a produção de mais linfócitos no paciente. O Blincyto não é vacina, mas um anticorpo que pode ser usado pelos pacientes que não responderam bem ao tratamento inicial com quimioterapia”, completa.

Lucas Braga/especial para O POVO

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