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Tratamento prevê manipulação de linfócitos retirados do paciente
Ciência e Saúde

Tratamento prevê manipulação de linfócitos retirados do paciente

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O tratamento do CAR-T (sigla em inglês para “receptor de antígeno quimérico de células T), que prevê a manipulação dos linfócitos retirados do paciente (que receberão o vírus inativo, também modificado geneticamente e já com o biomarcador que identifica a célula tumoral), foi documentado a primeira vez há aproximadamente cinco anos. “O primeiro trabalho foi feito na Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia (EUA). Quando se provou, outros hospitais e universidades também começaram a pesquisar”, explicou o hematologista do Hospital Albert Einsten (SP), Nelson Hamerschlak.


O procedimento é caro, custa cerca de U$ 500 mil por tratamento e representa um avanço considerável. De acordo com o especialista, não para por aí. Em nível de pesquisa, já se estuda a aplicabilidade dele para linfomas, tumores pediátricos e leucemia mieloide aguda. “Para mieloma múltiplo (um câncer grave nos ossos) supertratado e que tenha voltado, o resultado com esse tipo de terapia em pesquisa foi maior do que 85% de resposta completa”, informa.


Mas a terapia celular eficaz para a LLA pode trazer riscos e os resultados em relação à cura também não são 100% previsíveis. O principal efeito do tratamento é que ele pode provocar o que os médicos chamam de tempestade fitoquímica. “De substâncias que a gente tem no organismo que acabam, por causa da destruição celular, ativando outros fatores. Podendo levar a um processo inflamatório violento”, alerta o médico do Albert Einsten. Já houve casos de óbito, apesar de o médico garantir que há tratamento indicado a essa síndrome inflamatória.


Ainda conforme Nelson, não há laboratórios capazes de produzir o medicamento resultante da terapia, o Kymriah. “Aqui no Einsten nós conseguimos montar um laboratório limpo, que evite qualquer contaminação do linfócito, para tentarmos procurar parcerias”, conta. Hoje, os pacientes que podem fazer o tratamento são direcionados para os Estados Unidos. “Não acho que tudo vai se resolver com isso, mas é uma arma a mais, junto à quimioterapia, ao transplante de medula e à radioterapia. Tudo é complementar”, frisa.

Sara Oliveira



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