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O paciente como protagonista do tratamento
Ciência e Saúde

O paciente como protagonista do tratamento

Pesquisa indica que, em Fortaleza, a maioria dos diabéticos e hipertensos considera que mudar os próprios hábitos de saúde é o que falta para se sentirem empoderados
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Paciente e médico, um de cada lado, separados pela mesa do consultório e, muitas vezes, pelo entendimento acerca da doença e pelas decisões sobre o tratamento. O modelo de atendimento centrado na figura do médico e na doença, todavia, precisa mudar para dar lugar à intervenção terapêutica focada no paciente. O indivíduo que tem a doença precisa ser o protagonista das ações que visam a própria recuperação contando, para isso, com o apoio e a orientação da equipe médica.


Pesquisa realizada pela empresa global Abbott indica que, em Fortaleza, 69% dos diabéticos e 71% dos hipertensos consideram que “mudar os hábitos de saúde atuais” é o que falta para se sentirem mais empoderados. Uma média de 39%, nas duas patologias, acha que “ir ao médico com mais frequência” é o que falta. As causas são seguidas por “tomar remédios mais eficazes”, “mais acesso a informação sobre a minha saúde”, “receber mais apoio de familiares e amigos” e “ter mais acesso a tecnologias”.

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“Ter um papel ativo no seu próprio tratamento e tomar as rédeas”, resume o endocrinologista e médico do esporte Roberto Zagury, sobre o empoderamento do paciente. “Se a gente conseguir fazer essa mudança de paradigma, o médico vai passar a ser um consultor e o paciente vai ser um cliente. Esse tipo de relação é muito mais frutífero e produz melhores resultados em termos de controle do diabetes. Os dois lados da condição médica vão ser discutidos para encontrar um caminho que é o mais adequado para aquele indivíduo, uma medicina mais individualizada”, detalha.


Mudança de rotina


“Muitas pessoas vêm achando que um remédio ou o médico vai resolver o problema. É muito mais fácil você transferir o problema para outra pessoa”, relata o médico de saúde da família, André Bonfim. “Quem vai mudar é a pessoa. Ela pode ir no melhor profissional, mas, se não se cuidar, não adianta. Faz autossabotagem, come escondido, não toma o remédio”, cita.


Ele salienta que, em alguns casos, mudança de hábitos pode ser suficiente para a melhoria no quadro. “Às vezes, o paciente nem precisa de remédio ou poderia tomar menos. A pressão alta na fase inicial pode melhorar, se reduzir peso, melhorar a alimentação, reduzir sal e fizer atividade física”, condiciona.


Esse foi o caso de Francisco Airton Batista, 59. “Do jeito que a doutora pediu eu tô tomando, é tanto que ela me deu os parabéns hoje. Ela quer tirar parte dos medicamentos, porque eu tô bem, tá controlada”, conta, orgulhoso, dois meses após descobrir que tem diabetes tipo 1.

Ele lembra que, após o diagnóstico da doença, “tudo mudou”. Na alimentação, mais frutas e verduras, menos massas e doces. Nas atividades, uma hora de caminhada todas as tardes. “Se for pra morrer por isso eu não morro mais nunca!”, ri. (Ana Rute Ramires)

 

SAIBA MAIS


Sobre a pesquisa


A referida pesquisa “Empoderamento do paciente: importância e desafios” realizou 960 entrevistas online em oito cidades com um questionário de 12 minutos. Os questionários foram aplicados entre os dias 2 e 20 de junho com homens e mulheres acima de 18 anos.

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