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Os rumos da pesquisa em inteligência artificial no Ceará
Ciência e Saúde

Os rumos da pesquisa em inteligência artificial no Ceará

Pesquisas no Ceará se iniciaram na década de 70. Hoje, as áreas de transporte e medicina avançam em estudos sobre Inteligência Artificial
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Em Fortaleza, além do uso de tecnologia de Inteligência Artificial em produtos empresariais, se destaca o uso da IA em projetos de mobilidade urbana. O projeto Fortaleza Inteligente apresentado em 2015 tem o objetivo de organizar e desenvolver a cidade por meio de um sensoriamento de compartilhamento de dados públicos. Quando era presidente da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova), Tarcísio Pequeno esteve à frente da criação do projeto, que avança principalmente nas questões de mobilidade urbana.

[SAIBAMAIS]

“Foi um projeto aplicado, ganhou um prêmio. Ele pode ser alimentado com um número absurdo de informações. A cada 30 segundos, os ônibus emitem por rádio informações de rotas, percurso, estradas. Isso é cruzado com outros dados sobre a população e o comportamento de deslocamento. A partir disso, é possível planificar melhores trajetórias e projetos de mobilidade”, explica Tarcísio.


O prêmio para a Capital cearense veio do concurso do BID em 2015 na categoria “Cidade de Big Data” e é resultado de uma contribuição conjunta entre a Prefeitura de Fortaleza, a Universidade de Fortaleza (Unifor) e a Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.


“Isso tem consequências positivas no estudo de rotas de ônibus, calcula os horários que as pessoas levam, permite tirar informações para melhorar e criar projetos. Fortaleza já trabalha com volume de dados grande, um portal de dados abertos onde as secretarias publicam suas informações e, a partir do cruzamento de dados, é possível tirar uma série de ações inteligentes”, considera Cláudio Ricardo, atual presidente da Citinova.


Outro estudo que já obteve aplicabilidade é o programa computacional que, por meio de IA, consegue obter o diagnóstico precoce de Diabetes.

O estudo foi realizado pela pesquisadora Andréa Menezes sob tutoria do professor Plácido Pinheiro, coordenador do programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor.


Diagnóstico de diabetes


Por meio da pesquisa, foi possível verificar que um programa de modelo híbrido de elementos de IA é capaz de diagnosticar diabetes sem nenhum tipo de exame invasivo, como furos. “A minha preocupação surgiu ao imaginar que atividade essa pessoa do meio rural que realiza o exame vai fazer depois daquele furo. Isso pode gerar infecção, é um exame caro e exige maior preparo”, afirma o professor Plácido.


Ele conta que é por meio do cruzamento de dados, indicações probabilísticas e algoritmos matemáticos que o programa dá os resultados.


O programa utiliza uma tecnologia avançada de cruzamento de dados criada por laboratório de estudos da Universidade Federal do Ceará (UFC) para dar os diagnósticos. “A gente realiza perguntas como o Índice de Massa Corpórea, idade, sexo, a realização de atividades física, consumo de vegetais, se a pessoa fuma ou bebe, histórico familiar e complicações clínicas. A partir disso, jogamos esses dados na plataforma que nos mostrou um resultado de quase 90% de precisão quando foi realizado o teste depois”, conta.


O estudo contou com acompanhamento médico durante a execução. De acordo com ele, a plataforma geraria menos risco por ser menos invasiva, não exigiria tantas competências clínicas para a aplicabilidade.

De acordo com professor Plácido, o estudo que já foi apresentado no Ceará, Canadá e Europa esbarra em dificuldades de continuidade da pesquisa e a principal delas é a falta de uma base de dados brasileira robusta que traga informações sobre os pacientes. Ele conta que já há pesquisa utilizando a mesma metodologia para o diagnóstico precoce do Alzheimer e transtornos psíquicos.


“As ferramentas de IA são algoritmos que têm grande criticidade na forma da escolha, na forma da opinião. Muitas delas são estruturadas em lógicas matemáticas, outras em algorítimos, outras em regras probabilísticas, outras em multicritérios. Enfim, essas ferramentas, quando bem coordenadas, conseguem dar direções aos nossos problemas sociais que são impressionantes. Esse caso da saúde é um exemplo disso”, conclui. (Eduarda Talicy)

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