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O poder do crossfit
Ciência e Saúde

O poder do crossfit

O crossfit recruta muitos grupos musculares ao mesmo tempo e facilita o condicionamento físico. Há, no entanto, cuidados a serem tomados para não provocar lesões
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O roteiro muitas vezes se repete: com histórico de muito tempo de outras atividades físicas sem a devida satisfação — seja com a dinâmica, seja com os resultados —, as pessoas têm encontrado na intensidade do crossfit o desafio perfeito. Surgido na década de 1990 nos EUA e introduzido em Fortaleza há pelo menos cinco anos, o crossfit alia várias modalidades de exercícios, como biométricos, aeróbicos, e de musculação, em apenas um hora de treinos coletivos. O dinamismo, as sessões de malhação diferentes a cada dia e a descarga de endorfina fazem com que a prática conquiste adeptos.


“Fazia musculação desde os 15 anos, passei anos da minha vida dentro da academia e, só quando entrei no crossfit, percebi que não tinha condicionamento físico. Hoje tenho. Quanto ao corpo, não há comparação. Emagreci cinco quilos e, se hoje estou satisfeita com o meu abdômen – coisa que nunca estive antes –, é graças ao crossfit”, relata a advogada Camila Guimarães, que pratica crossfit há dois anos.

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O condicionamento físico e a consciência corporal vêm, conforme o fisioterapeuta esportivo Fleury Júnior, porque a prática trabalha com múltiplos grupos de músculos de forma simultânea. “É um recrutamento muscular bem amplo e acontece um grau de exigência muscular em movimentos que a gente consideraria simples, como subir e pular de um caixote, que a gente poderia considerar movimentos de rotina, mas é colocada carga nisso. E não são movimentos lineares, como acontece na musculação. São movimentos mais amplos, o que faz com o que o efeito acabe sendo também muito melhor”, aponta.


“O crossfit trabalha exercícios que não são estáticos e isso muda o perfil psicológico do exercício na pessoa, faz com que ela perceba a atividade física como algo que não é chato e isso ajuda na permanência dela na prática”, explica o médico Ivan Pacheco, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). Ele aponta o ganho de massa magra, a perda de peso e a sensação de prazer causada pelas endorfinas (que ajudam também a melhorar as funções circulatórias de órgãos e regulam funções hormonais) como benefícios do crossfit.


A opinião é partilhada pela profissional de Educação Física e coach de crossfit Beatriz Mesquita. “O crossfit gera na pessoa a vontade de treinar e, se ela treina mais, ela evolui mais. Se você conseguir fazer um ano de musculação, com treino focado, sem pausas, também vai ter resultado. O diferencial do crossfit está na motivação”, acredita.


Para Fleury, um benefício pouco divulgado é o fortalecimento do core — que reúne a musculatura do abdômen, tronco e parte da pélvis. O core fortalecido significa sustentação e estabilidade para diversos movimentos do corpo. “O crossfit e o pilates foram apontados como as duas técnicas de maiores e melhores resultados de estímulos e fortalecimento do core, sendo superior à musculação isolada e ao treinamento funcional. Com o core fortalecido, é possível pensar num treinamento de crossfit voltado à aplicação em tratamento de hérnia de disco e em várias patologias da coluna”, cogita, citando estudo feito em 2016 em mestrado da Universidade Estadual Paulista (Unesp).


Indício do que o fisioterapeuta cita é o caso da bancária Carolina Braga Cirillo, 36, que relata ter sentido dores lombares quando iniciou a prática do crossfit há quatro anos. “Fui a um osteopata e ele descobriu que meu quadril saía do encaixe. Mas depois do fortalecimento muscular, hoje é o contrário. Se eu fico algum tempo afastada do crossfit, volto a sentir essa dor”, conta.


Para além dos benefícios, toda prática esportiva requer cuidados. Por se tratar de uma atividade de alta intensidade e que trabalha com metas de evolução progressivas, é preciso ter atenção redobrada aos limites do próprio corpo, para não se submeter a lesões. Nas próximas páginas do Ciência & Saúde, especialistas comentam riscos, prevenção e programas de alimentação voltados para os treinos.


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