Logo O POVO+
Crossfit: atenção para a dieta
Ciência e Saúde

Crossfit: atenção para a dieta

Uma alimentação com redução de carboidrato e detox estimula a remodulação alimentar e ajuda a turbinar o treino, mas deve ter acompanhamento profissional
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL

É o curso natural: iniciar uma atividade física e ser levado a se alimentar melhor, e vice-versa. Os relatos dos praticantes de crossfit, ouvidos para este Ciência & Saúde, percorreram esse caminho que levou em pouco tempo à perda de peso e aumento de massa magra. Com atividade de alta intensidade, buscar alimentos que deem energia e disposição de forma a não prejudicar o efeito final é imprescindível. Em geral, os carboidratos são analisados com muita atenção e só incluídos salvo algumas exceções.


Porta-voz do Whole30 Brasil, programa de emagrecimento norte-americano, a nutricionista Maria Fernanda Pio explica que lipídios não são mais os vilões da alimentação. “As pesquisas mais recentes mostram que o carboidrato é o grande vilão e a gordura hoje está com uma ideia mais positiva. E, com o controle dessa ingestão de carboidrato, as pessoas começam a perder peso e conseguem um maior rendimento nas atividades”, aponta. Assim, pululam alguns programas nutricionais como a lowcarb (com baixa ingestão de carboidratos), a dieta paleo (composta de alimentos de caça e pesca, além de alimentos oriundos da plantação, ou seja, com o mínimo de processamento possível) e o Whole30 (que propõe uma série de restrições e promete mudar a relação com a comida em 30 dias).


A nutricionista detalha que os conceitos da dieta paleo são a base do Whole30, mas que são feitas ainda mais restrições, adaptadas às necessidades dos praticantes de crossfit em busca de reduções significativas de percentuais de gordura. As restrições já impostas pela dieta paleo, como cereais (trigo, arroz, centeio, aveia), leguminosas (feijão, grão, lentilhas), lacticínios e derivados, gorduras (óleo e margarinas vegetais), e produtos processados, são acrescidas de outras regras a serem seguidas por 30 dias. Retiram-se ainda açúcar, natural (mel) ou artificial, adoçantes, bebidas alcoólicas, fumo, soja ou alimento à base de soja, chicletes, e frutas com alto teor de carboidrato como banana.


“Apesar de não gostar muito desse nome, é como se fosse um detox dentro da dieta paleo. É um programa de 30 dias em que você promove uma reorganização alimentar, em busca de uma alimentação mais limpa, mais natural, e com comida de verdade”, conta Maria Fernanda.


Adepta da dieta, a profissional de educação física Beatriz Mesquita conta que sente que a gordura, e não o carboidrato, tem funcionado melhor como via energética para a prática de crossfit, por “queimar” com menos rapidez. “No começo, até mais ou menos o sétimo dia, você se sente um pouco mais fraco, mas depois triplica a energia. Até hoje sigo várias das indicações”, relata.


Acompanhamento

Com detalhes explicativos em um site (http://www.whole30br.com) que sugerem que qualquer pessoa pode fazer, independentemente se há a possibilidade de um acompanhamento médico ou de um nutricionista, a porta-voz alerta que não se deve seguir as restrições por mais que 30 dias. Além disso, acrescenta, as dietas não devem seguir um protocolo único, devendo ser individualizadas a partir de vivências, metabolismo, necessidades, objetivos e fisiologia de cada um. E isso deve ser feito por um profissional.

 

“É um programa que retira alimentos industrializados. Ninguém vai ter um efeito negativo em 30 dias, a ponto de gerar um risco à saúde. Existem indicações, sim, de pessoas que podem seguir por mais tempo sem ter efeitos negativos, mas tem pessoas que podem se prejudicar. Então, o ideal é estar acompanhado por um profissional. Estão protocolando muito a alimentação e acreditando que uma única maneira de se alimentar vai resolver o problema de todo mundo”, defende.


Para a médica endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Ceará, Rebeca Pinheiro, este programa e qualquer outro que estimulem hábitos alimentares saudáveis, são bem-vindos. E, por se tratar de 30 dias, podem servir de pontapé nesta empreitada. Mas a médica reforça a necessidade de acompanhamento. “Restrições permanentes em quem não tem indicação, podem prejudicar a longo prazo. A retirada de laticínios, se a pessoa não tem intolerância, pode levar à deficiência de cálcio e a um quadro de osteoporose, por exemplo”, comenta. (Domitila Andrade)

 

SAIBA MAIS


Uma pesquisa de 2013, publicada no Journal of Strength and Conditioning Research Publish Ahead of Print e intitulada “The nature and prevalence of injury during crossfit training” (A predominância e os tipos de lesões durante treinos de crossfit, em tradução livre) mostra que entre 132 adeptos, 73,5% sofreram algum tipo de lesão. Desses, sete precisaram de cirurgia. A idade dos entrevistados variava entre 19 e 57 anos; A média do ritmo de treinamento era de 5,3 horas por semana.


Relacionada sempre aos exercícios de intensidade, a rabdomiólise é um risco ocasionado pelo excesso de exercícios, alta cargas de peso e intensidade e a falta de tempo para a devida regeneração muscular. “A rabdomiólise é a morte celular provocada pelo exercício. (...) E pode causar muito dano aos músculos”, explica o médico do Esporte Ivan Pacheco.

[FOTO1]
O que você achou desse conteúdo?