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"Vivo agora somente para ele"
Ciência e Saúde

"Vivo agora somente para ele"

Adiar a maternidade pode significar aumento do cansaço em cuidar de uma criança em idade mais avançada? A natureza cria compensações. A disposição vem, sim, de outras formas, para dar equilíbrio. E as mães garantem que energia e amor não faltam
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A perda de duas gestações, a primeira delas aos 27 anos, deixou Liduína Oliveira desanimada. Mas não tirou o desejo e a vontade de ser mãe. Tanto que hoje, aos 43 anos, ela deu à luz a João Gabriel, que tem dois meses de vida e já preenche totalmente a vida da microempresária, em todos os sentidos. “Eu vivo agora somente para ele, literalmente”, rir-se, enquanto acalenta a cria no berço.

 

A decisão da produção de modo independente não veio sem custos. O prazer de poder ver o sorriso do João certamente mostra as compensações. Mas o corpo diminui a capacidade do metabolismo, principalmente a partir dos 40. Caso a mulher decida ser mãe nessa idade, a natureza cria subterfúgios para compensar a falta de energia, sobretudo os aspectos emocionais. “A partir dos 40 anos, a mulher tende a estar mais estabilizada financeira e emocionalmente e mais segura de si para lidar com uma criança”, defende a psicóloga Tatiana Oliveira, mestre em Saúde Coletiva e Saúde Mental.

 

É provável, segundo a psicóloga, que a energia psíquica se sobreponha à energia física nesse caso. E, apesar da redução do vigor, a estabilidade emocional e a segurança para lidar com criança acabam compensando a falta. “A gente faz essas divisões entre corpo e mente, mas, na verdade, essa separação não existe.

 

Quando eu escolho ter filhos aos 40, estou elegendo lidar com a diminuição da energia para lidar com crianças, mas, como compensação, tenho a maturidade em saber lidar com os percalços que vão surgir”, define Tatiana.


Antes, os profissionais da saúde levavam em consideração somente a energia física. Hoje, ainda de acordo com a psicóloga, muito provavelmente a energia psíquica se sobrepõe à energia física. “Quando fazemos essa escolha de forma consciente fica mais fácil lidar com as fragilidades e descobrimos que a tendência é que ganhemos mais que perdemos”, informa a psicóloga. 

 

Tipo de parto


A idade não define o parto adequado. É a saúde da gestante que delimita de que forma ela vai parir, ainda. As complicações de uma gestação tardia não dependem se a mulher já teve ou não um parto, mas das condições de saúde dela, defende a obstetra Maria Aparecida Tibúrcio, professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Muito embora o fato de a mulher parir até os 35 anos facilitar a gestação aos 40. Ana Cácia Silva está grávida do quinto filho aos 42 anos. E faz questão do parto adequado, após dez anos da última gravidez. “Nunca fiz uma cesariana, e vou esperar a recomendação do médico. Mas queria que meu filho nascesse de parto normal”, sugere. (Angélica Feitosa) 

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