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Crescer em família
Ciência e Saúde

Crescer em família

Os irmãos Marcelo e Carolina foram diagnosticados com graus diferentes de Transtorno do Espectro Autista (TEA)
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Aprender é um processo singular e tem relações muito mais complexas do que cabe em uma sala de aula. Para Marcelo Souza Ribeiro, 19, a apreensão nunca foi um problema, pelo contrário. Desde a infância, todos os conteúdos ganharam forma muito simples no processo de cognição. Sem muitos esforços, ainda menino, trazia para casa as melhores notas da escola. Diagnosticado com TEA somente na adolescência, Marcelo é considerado autista de alto rendimento e cursa o terceiro semestre de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC).

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“No início foi confuso para mim porque eu não queria justificar algumas características minhas com o autismo. Mas depois as coisas começaram a fazer muito sentido. A intolerância a alguns tecidos na infância, a dificuldade de socializar, o hiperfoco que eu sempre tive nas coisas”, detalha.

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De acordo com a mãe dos meninos, a pedagoga Sandra Ribeiro, 48, a suspeita do autismo de Marcelo só surgiu após o diagnóstico da filha mais nova, Carolina Ribeiro, 13, que tem um grau mais avançado do transtorno. “Desde bebê a Carolina apresenta os sinais de autismo. Tive vários diagnósticos diferentes, até mesmo de doenças degenerativas”, diz. Apesar dos trabalhos pedagógicos que já fazia com crianças com deficiência em sala de aula, Sandra conta que ser mãe é diferente. “Primeiro vem o luto, a insegurança, você começa a se questionar sobre o que pode ter feito de errado, e só depois isso se transforma”, explica.

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Carolina começou as intervenções antes dos dois anos. “Aí eu juntei a mãe que eu era e a professora e comecei as estimulações e pesquisas”. Foram seis anos até o diagnóstico da filha e, a partir de então, perceber que Marcelo apresentava características semelhantes. “Dito e feito: procurei profissionais e ele também tem autismo”.


“Muitas pessoas nem percebem que eu tenho algum tipo de autismo. Às vezes eu fico mal quando fazem comentários ruins a respeito do transtorno, penso na minha irmã e nas outras pessoas que eu passei a conviver”, diz Marcelo.


Ele conta que a escolha do curso se deu pelo interesse por jogos e programações.

Para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio, solicitou mais uma hora de prova. “Eu me organizo melhor. Para mim é importante que os processos tenham uma rotina e uma estrutura de organização”, afirma. Para ele, o diagnóstico chegou como forma de se compreender melhor e compreender Carolina.


A jovem cursa o nono ano do ensino regular e, assim como o irmão, tem interesse em games. “Quero fazer Sistemas e Mídias. Já tenho projetos que posto nas redes sociais e quero continuar”, conta. Ela tem sensibilidade a cheiros fortes e algumas texturas. Entre as coisas preferidas durante o dia estão os projetos de jogos e a companhia do namorado. “A gente está junto há um ano e é bem legal”, afirma.


“Todos nós temos nossas peculiaridades”, lembra Sandra, e ensina: “Acho que, quando a gente se abre para perceber o outro dentro das suas necessidade, a gente vai deixar de falar em inclusão social porque não vai mais ter mais a exclusão. É isso o que acontece quando você olha para o outro com empatia”.

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