Quando crianças, nos movemos, às vezes, de um jeito tão livre, que sequer consideramos que o que fazemos é uma atividade física — apesar de ser. Engatinhar, correr, rolar, pular, dançar, pedalar, jogar bola. Mesmo ficar de pé, em certas idades, é uma forma de se manter ativo.
Estimular a movimentação física na infância é comprovadamente uma das formas mais eficazes de prevenção de doenças crônicas e comportamentos nocivos que interferem na vida adulta. No entanto, para além disso, os ganhos sociais e psicológicos são inestimáveis.
No entender da psicóloga infantil Felícia dos Santos, crianças com rotinas que incluem práticas esportivas se desenvolvem de maneira integral, tendo "ações emocionais e sociais num nível mais elevado de bem-estar e flexibilidade física e psicológica".
Para ser saudável, contudo, o exercício precisa ser prazeroso e adequado para cada faixa etária. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta que modalidades como natação, danças, lutas e outras categorias coletivas sejam inseridas de maneira progressiva na rotina dos pequenos somente quando eles atravessarem os 3, 4 anos, por exemplo.
Vanuza Chagas, pediatra, detalha que a orientação médica é estimular pequenos exercícios diários desde que a criança é recém-nascida, a exemplo de roladas, engatinhadas e interações com brinquedos coloridos e sonoros. Além disso, dessa fase até pelo menos os 2 anos, a SBP não recomenda de jeito nenhum exposição a TV, tablets, celulares e jogos eletrônicos. Já para evitar que a criança desenvolva qualquer comportamento sedentário. "A criança se acomoda a não socializar, a não brincar com outras", adverte Vanuza.
Além disso, por mais que, no íntimo, pais queiram interferir na escolha da modalidade esportiva, cabe somente às crianças essa definição. Principalmente para que o momento seja proveitoso para elas e para que se interessem em manter a atividade física na rotina. Dependendo, claro, da idade de cada uma e das restrições de saúde que, porventura, tiverem.
Por isso, Vanuza Chagas recomenda exames médicos simples antes de matricular os pequenos em qualquer modalidade, com atenção maior àqueles que apresentarem, por exemplo, problemas respiratórios, dores musculares, torácicas e histórico de cardiopatia. Esses têm de se submeter a exames um pouco mais complexos antes.
Fernando Guanabara, médico nutrólogo, lembra, também, da importância de associar o acompanhamento pediátrico ao nutricional. Sobretudo, para prevenir a obesidade infantil. "A rotina de atividade física na infância e na adolescência vai prevenir algumas doenças associadas ao sedentarismo, que está ligado ao desequilíbrio do açúcar no metabolismo".
Referência
Felícia dos Santos, psicóloga infantil, lembra que pais e responsáveis são "a maior referência dos filhos". Devem, por isso, também inserir na rotina familiar a prática de atividade física.