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Impasses no SUS vão além de remédios
Ciência e Saúde

Impasses no SUS vão além de remédios

SAÚDE PÚBLICA
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Tipo Notícia
Jocélio dos Santos, 58, mudou de Sobral para Caucaia para conseguir melhor tratamento (Foto: Mateus Dantas)
Foto: Mateus Dantas Jocélio dos Santos, 58, mudou de Sobral para Caucaia para conseguir melhor tratamento

A dificuldade de conseguir remédios básicos para o tratamento do mieloma múltiplo fez a família de Manassés Soares Souza, 62, solicitar à Justiça a compra dos medicamentos. O homem faz o tratamento da doença inteiramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com sua irmã, Maria Eunice de Souza Tomé, 54, os parentes não têm condições financeiras para arcar com os custos médicos. Além das substâncias necessárias, leitos no hospital foram obtidos com o intermédio de ações judiciais.

"Conseguir um leito é como se fosse uma loteria", denuncia. Eunice busca ajuda para o irmão entre amigos e advogados voluntários, além de contar com a sorte. A primeira consulta de Manassés, por exemplo, foi marcada após com o médico pelo Facebook. "Se eu não tivesse mandado a mensagem, ele teria de esperar para abril do ano seguinte". Agora,
a luta é por mais um remédio, já que o último comprado pelo Estado não faz efeito na fase avançada da doença.

O atendimento do SUS não é o mesmo em todos os casos. Para Jocélio dos Santos, que também fez todo o tratamento pela rede pública de saúde, os problemas foram menores. Mesmo tendo que solicitar judicialmente a compra de remédios, leitos nunca foram um problema. "O que tenho para falar do hospital (Walter Cantídio) é só coisa positiva. Eles davam guias para exames caros, encaminhavam relatórios para conseguir remédios", diz. No entanto, o radialista reconhece que alguns remédios faltavam e era preciso comprar do próprio bolso.

"A diferença na realidade de quem tem plano de saúde e quem se trata pelo SUS é gritante", lamenta Milena do Nascimento, advogada e presidente do grupo de apoio para pessoas com mieloma Admiradores da Vida. Sua mãe, Gerarda Marques, teve acesso a um plano particular, ao contrário de outros pacientes que conhece no grupo. Para ela, o tratamento público melhorou, com mais remédios e procedimentos, porém ainda é lento. "O paciente de câncer não tem tempo pra esperar".

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