A vida da pessoa diagnosticada com mieloma múltiplo de repente se torna voltada para uma série de visitas aos laboratórios de exames, consultas com hematologistas e salas de espera de hospitais. Em meio a esse contexto, nasce o grupo Admiradores da Vida, em Fortaleza. Pacientes, familiares e amigos se reúnem para trocar informações, ajudar a conseguir remédios de difícil acesso e dicas de como conviver com o câncer incurável.

Milena do Nascimento, 43, é advogada e começou a participar do grupo em 2015, logo quando foi criado, após o diagnóstico de sua mãe. Atualmente como uma das presidentes, Milena organiza formações, palestras para pacientes, cuidadores e médicos e serve como ponte na relação entre o Admiradores da Vida e a International Myeloma Foundation (IMF). "Hoje o que mais nos une é o WhatsApp", explica. Como o grupo reúne pacientes de todo o estado e até de outros locais do Nordeste, reuniões presenciais frequentes são difíceis.

"Ele foi criado justamente para a gente se comunicar, trocar ideias. As vezes o problema de um é o mesmo do outro", diz Jocélio dos Santos, 58, paciente que faz parte do grupo. A história da recuperação de Jocélio é orgulhosamente exibida na página do Facebook da associação. Além disso, Milena e seu amigo advogado Lisboa Filho oferecem assistência, muitas vezes de graça, aos pacientes que precisam conseguir remédios ou leitos hospitalares por vias judiciais.

Para além de questões práticas, o grupo também serve como espaço para discutir medos e angústias de uma doença que afeta tanto o corpo quanto a mente de quem é diagnosticado. "Nem todo mundo quer sentar e falar de doença, alguns são muito fechados", afirma Milena. Mas isso não impede de tentar acolher a todos. Outra presidente, Evelyne, vai constantemente a abrigos de idosos e a hospitais especializados em câncer para tentar conversar com pacientes e chamá-los para o grupo.