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A importância do diagnóstico precoce
Ciência e Saúde

A importância do diagnóstico precoce

| SINTOMAS | Quanto mais cedo é feito o diagnóstico da neoplasia, melhores são as respostas ao tratamento
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Human back with a visible spine (Foto: Getty Images)
Foto: Getty Images Human back with a visible spine

Na manhã do dia 30 de outubro de 2015, Gerarda Marques Gonçalves estava se preparando para fazer os exercícios do dia quando sentiu uma dor forte no peito e no estômago. Imediatamente, a idosa que tinha 70 anos na época achou que estava sofrendo um infarto. Após dois meses de eletrocardiogramas sem alteração e incessantes exames para descobrir o que havia de errado, veio o diagnóstico de mieloma múltiplo. Para Gerarda e sua filha, Milena Marques Gonçalves do Nascimento, 43, o curto período até a descoberta do câncer na medula óssea foi decisivo para o sucesso do tratamento.

"O mieloma atinge mais os idosos e tem sintomas comuns para a velhice. Dor nas costas, anemia, uma infecção recorrente, atinge muito os ossos. Este é o maior problema do diagnóstico. Muitos pacientes só descobrem após ter uma fratura", afirma Milena, que se tornou presidente de um grupo de apoio para pacientes com mieloma.

Para ela, foi fundamental a recomendação de um médico para procurar um hematologista, especialista que cuida deste tipo de câncer, no momento que viu algo errado nos exames de sangue de sua mãe. Por meio do exame chamado eletroforese de proteína foi possível identificar a doença.

Morador de Sobral, a 234,8 km de Fortaleza, Jocélio dos Santos, 58, passou dois anos sem saber o que acontecia com seu corpo. O diagnóstico de mieloma foi uma surpresa, pois o radialista tinha menos de 50 anos quando começou a sentir os efeitos da doença. "Os médicos da cidade disseram que eu era o segundo caso diagnosticado de lá", relembra. As dores nos ossos chegaram a fazer Jocélio perder a capacidade de andar por um período. Melhoras no quadro clínico só vieram um ano depois da descoberta, quando o homem passou pelo seu primeiro transplante de medula óssea autólogo.

Gerarda nunca foi elegível para fazer o transplante, um dos procedimentos mais indicados para pacientes com mieloma múltiplo. A técnica consiste em induzir a produção de células-tronco por meio de medicamentos antes de fazer a retirada delas para armazenamento. Depois, o paciente é submetido a altas doses de quimioterapia. Só então as células são transplantadas de volta para o corpo. A idade avançada de Gerarda fez os médicos optarem por quimioterapias mais fracas. Foram 9 ciclos de 4 sessões cada durante um ano, de acordo com Milena.

Devido ao constante tratamento desde o início da doença, o câncer da aposentada é considerado "controlado" pelos médicos há quatro anos. Apesar disso, ela continua a quimioterapia, fazendo sessões de dois em dois meses. O mieloma não tem cura, portanto, Jocélio se viu tendo que lidar com a doença mesmo cinco anos após o transplante. Em 2017, o radialista repetiu o procedimento e hoje se recupera de forma rápida. "De acordo com o médico chefe do serviço de Onco-Hematologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, Fernando Barroso, aproximadamente 91% dos pacientes transplantados têm sobrevida de mais de nove anos após o procedimento. (Alexia Vieira)

INFORMAÇÃO E APOIO

A International Myeloma Foundation (IMF) oferece o telefone 0800 777 0355 para pacientes do Brasil tirarem dúvidas sobre a doença, cuidados e direitos dos pacientes.

MIELOMA MÚLTIPLO

O QUE É
MIELOMA MÚLTIPLO
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer de medula (tecido esponjoso que preenche o centro da maioria dos ossos) que ocorre quando os plasmócitos (células plasmáticas), responsáveis pela produção de anticorpos se multiplicam de forma desgovernada, passando
a comprometer múltiplas
áreas da medula e, consequentemente, a produção normal dos glóbulos brancos, glóbulos vermelhos
e plaquetas.

SINTOMAS

Principais sinais da doença são dores ósseas, facilidade de fraturas, cansaço exacerbado e anemia. Ela acomete cerca de 4 pessoas a cada população de 100 mil. Pessoas
com mais de 65 anos são os principais afetados.

TRATAMENTO

Quimioterapia e transplante de medula óssea autólogo são os principais métodos para controlar o mieloma. O transplante consiste em retirar células da medula do doente e introduzi-las novamente após o paciente receber altas doses
de quimioterapia.

REMÉDIOS

De acordo com o Hospital Universitário Walter Cantídio, os remédios disponíveis para o tratamento na unidade referência no Ceará são Ciclofosfamida, Corticoide, Talidomida e Melphalan. No entanto, drogas mais eficazes como Revlimid, Velcade e Dalinvi são geralmente solicitados por ações judiciais.

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