Ontem, foi o terceiro dia dos trabalho de demolição do prédio de quatro andares que desabou parcialmente no bairro Maraponga no dia 1º de junho. O processo começou na sexta-feira, 28, atendendo ordem judicial emitida em 17 de junho. De acordo com o engenheiro responsável pela operação, Wetter Lino, resta apenas um pavimento para ser demolido, assim como a caixa d'água do prédio. Também é preciso ainda remover os escombros do local. A expectativa dele é de que os trabalhos terminem na quarta-feira, 3.
Segundo o engenheiro, o processo é bastante difícil e demanda bastante cuidado. Destroços podem arrebentar paras as casas vizinhas, localizadas muro a muro com o edifício. A demolição é feita com o auxílio de uma retroescavadeira. As obras ocorrem de 7 até as 17 horas. Wetter ainda afirma que estudo vai ser contratado para analisar a posição dos pilares e elaborar laudo técnico para explicar o motivo do desabamento.
Os moradores, que tiveram de deixar todos os bens em suas residências antes do desabamento, não puderam entrar na área interditada para reavê-los, por razões de segurança.
Roberto Patriolino, que morava no quarto andar do edifício, diz que a ideia que foi apresentada pelos proprietários do imóvel e pelos advogados aludia a uma demolição feita com intuito de resgatar o máximo possível dos pertences de cada morador. "O sentimento é de angústia. Perder as coisas dessa forma...", lamentou ele, que acompanhava os trabalhos na manhã da última segunda-feira, 1º.
"É algo difícil de as pessoas entenderem, mas eu sou o responsável e tive que definir dessa forma", afirmou Wetter. Após o término da demolição, a Defesa Civil vai vistoriar todas as casas que haviam sido interditadas ao redor do prédio. Se não for constatado risco, os moradores das residências poderão voltar a morar no local. Quinze casas foram interditadas pela Defesa Civil. Além disso, 40 residências do entorno serão inspecionadas pelo órgão, com o intuito de verificar se a demolição afetou a estrutura dos imóveis. Caso verifique-se danos, o proprietário do empreendimento derrubado será notificado.
(Com informações da repórter Germana Pinheiro)
OBRA
O edifício Benedito Cunha construído no número 86 da travessa Campo Grande foi erguido há sete anos sem licenças dos órgãos competentes
Relembre o caso
O desabamento parcial do edifício Benedito Cunha ocorreu em 1º de junho. Os pilares do prédio entraram em falência, conforme Wetter Lino. Moradores relataram que ouviram barulhos e saíram correndo. Não houve tempo de tirar praticamente nada. Em questão de minutos após o barulho, o prédio veio abaixo. O primeiro andar foi completamente esmagado, assim como veículos que se encontravam no estacionamento. O edifício ainda ficou inclinado 15 graus.
Os moradores do prédio já haviam notado que a estrutura parecia torta. Além disso, notaram rachaduras nos prédios. Laudo emitido por um engenheiro dois dias antes da queda apontava não haver "qualquer indício de colapso estrutural, total ou parcial".
A Defesa Civil também havia ido ao local, após insistência dos moradores com o dono do prédio. Foi constatado declive de uma das colunas e abertura no final do muro de 1,5 centímetros, mas o edifício não foi interditada.
Ao todo, 16 famílias moravam no prédio. Eles entraram com ação na Justiça exigindo reparação por danos morais e materiais. A 7ª Vara da Fazenda Pública concedeu, em 6 de junho, liminar que bloqueou todos os bens dos proprietários do prédio. O processo ainda tramita na Justiça. Ontem, contestação foi juntada aos autos do processo.