Com gritos de guerra e cartazes reivindicando direitos e tratamento humanizado, o Ceará lançou hoje a 1ª Parada do Orgulho Louco - "Nenhum passo atrás, manicômios nunca mais". A passeata teve início na Bahia e há mais de 10 anos ocorre em outros estados do Brasil. Ontem, no Dia Nacional da Luta Antimanicomial, usuários da rede de saúde psicossocial de Fortaleza e Região Metropolitana, profissionais da área e familiares se reuniram na Beira Mar em caminhada.

"A gente quer mostrar para as pessoas que não é ruim ter preconceito, que nós queremos tratamento com humanidade", explicou Conceição Tomé, 42. Ela é atendida há 12 anos no Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) do Eusébio. Com concentração em frente ao Boteco Praia , na Beira Mar, o cortejo seguiu até o centro Cultural Belchior, na Praia de Iracema.

O artista plástico, José William Crispim, 61, já foi atendido tanto pelos Caps quanto nos antigos manicômios. "Onde tem evento de saúde mental eu estou presente porque fui uma vítima de manicômio, já passei por várias internações e nunca tive uma melhora, pelo contrário", diz. Foi quando conheceu os Caps que vislumbrou a possibilidade de expressão no mundo. "É um serviço substitutivo onde, por meio de uma equipe multiprofissional e da arte, eu me libertei dos manicômios e dos transtorno. Hoje vivo um convívio social, familiar e posso dizer que levo uma vida normal", conta. As obras de Crispim integrarão a exposição 'A Resistência e as lutas por um novo olhar para a loucura', que terá lançamento no Museu da Cultura Cearense, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Convocada em audiência pública ocorrida nesta sexta-feira, 17, pelo deputado estadual Acrísio Sena (PT), a passeata reuniu cerca de 70 pessoas.(Eduarda Talicy)