A arborização da avenida Clóvis Arrais Maia, entre as duas areninhas da Praia do Futuro, ainda não resultou em sombra. Em março, 1040 mudas de coccoloba foram plantadas com o intuito de aproveitar o período de chuvas. Um mês depois, apenas 70 precisaram ser substituídas, o que representa cerca de 7% do total de árvores - índice considerado aceitável segundo o engenheiro agrônomo Vladimir Sena, gerente de Manutenção de Praças, Canteiros e Passeios da Autarquia de Paisagismo e Urbanismo de Fortaleza (UrbFor).
A ideia é de que, em até seis anos, as árvores já estejam com copa alta e a área, mais arborizada e fresca. "Escolhemos uma planta que se adapta facilmente ao solo de praia, com uma grande copa e que agrega à vegetação local, sem causar prejuízos", explica Sena. A coccoloba não é encontrada de forma natural no Ceará. No entanto, mesmo não se configurando como uma planta nativa do Estado, a árvore é encontrada em outras regiões de litoral no Brasil e no continente americano. E é facilmente adaptável, sem causar malefícios à flora ou à fauna - diferente de outras árvores consideradas exóticas invasoras, como o nim indiano, um repelente natural que influencia de forma negativa na polinização.
Árvore de pequeno ou médio porte, a coccoloba cresce entre dois e seis metros. A expectativa de vida da planta, segundo o agrônomo, é entre 40 e 60 anos. Os pés foram plantados ao longo de 4,5 quilômetros, vizinhos à ciclofaixa, numa área com ausência de cobertura vegetal. A ideia de cultivar as plantas agradou a estudante Sara Ribeiro, 22. Ela aproveitou o dia de sol para ir tomar banho de mar e diz que, como mora na Praia do Futuro, quando as árvores já estiverem dando sombra, pretende fazer o percurso de bicicleta. "Não venho pedalando porque o sol é escaldante. Quando tiver a sombra das árvores, quem sabe não deixo o carro em casa?", pondera.
Professora em Belo Horizonte (MG), Deusenir Costa Alves, 38, observou as mudas no caminho entre o hotel, na Praia do Futuro, e uma barraca de praia. Ela vem de uma cidade em que a cobertura vegetal é bem maior que a de Fortaleza e diz perceber a diferença. "As ruas ficam mais agradáveis, o ar mais limpo. Dá vontade de sair à rua e, como aqui em Fortaleza é muito quente, as pessoas vão aproveitar mais os espaços públicos", avalia.
Na Capital para um congresso, a paraense Silvia Camaru, 65, vem de uma cidade desenvolvida no meio da floresta amazônica, Belém (PA). Para a assistente técnica, é vital o verde dentro do contexto urbano. "Nós respiramos melhor e nos sentimos mais saudáveis", diz.
Hidrogel
Para garantir o crescimento das mudas nos meses de estiagem, a UrbFor utilizou o hidrogel, um gel com alta capacidade de retenção de água, que é colocado nas covas de plantio, reduzindo a necessidade de irrigação