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Moradores fazem travessia em ponte improvisada
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Moradores fazem travessia em ponte improvisada

| Jardim Cearense | Estrutura original cedeu às chuvas em fevereiro. Alunos de duas escolas próximas ao local utilizam a passagem
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POPULAÇÃO enfrenta risco diário ao 
fazer a travessia na rua Holanda (Foto: Deisa Garcêz)
Foto: Deisa Garcêz POPULAÇÃO enfrenta risco diário ao fazer a travessia na rua Holanda

Os moradores da rua Holanda, uma das principais vias que liga o bairro Jardim Cearense à Maraponga, vivem uma situação diária de perigo ao atravessar um canal por uma ponte feita com telhas de amianto sobre tubos de concreto armado. A estrutura foi improvisada pela comunidade depois que, em fevereiro, a ponte que permitia a passagem cedeu às fortes chuvas.

O POVO esteve no local na manhã de ontem, por cerca de 30 minutos, e presenciou 14 moradores que precisaram cruzar o canal. A circulação é ainda maior alguns horários. Alunos de duas escolas próximas se arriscam todos os dias para assistir às aulas. Há relatos, inclusive, de crianças que deixaram de frequentar o colégio devido à dificuldade de deslocamento.

Ana Paula de Jesus, 33, explica que com as chuvas dos últimos dias o nível da água tem subido e a situação fica ainda mais preocupante. Ela conta que no início do mês de abril a Prefeitura havia feito um reparo para conter a água, mas a estrutura construída foi levada com a força da chuva. A moradora ainda relata que um idoso e uma criança caíram ao tentar atravessar a ponte e foram auxiliados pela população. "Essa é a alternativa que nós temos. Há a possibilidade de fazer a volta pela rua Benjamin [Brasil], mas é algo muito longe, impraticável para o dia a dia", lamenta.

O cotidiano do reciclador Cassiano Michel dos Santos, 37, também foi alterado de forma significativa. Ele fala que o percurso que antes ele realizava em cinco minutos agora leva 40 minutos. O carrinho utilizado para recolher lixo não passa pela gambiarra e é preciso percorrer um caminho mais longo.

A ponte cedeu após a chuva do dia 24 de fevereiro deste ano, quando Fortaleza registrou a maior chuva do ano, de 120 milímetros (mm). A precipitação causou, entre outros problemas, o desalojamento de famílias do Conjunto Palmeiras e do Jangurussu.

Neste dia, a Defesa Civil contabilizou pelo menos 110 ocorrências relacionadas a alagamentos e inundações. Nesse mês, a Capital superou a média histórica de chuvas em 164.5%, com 466.7 mm observados, de acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos.

A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) afirmou, em nota, que as equipes técnicas da Prefeitura aguardam a redução do nível da água para que as obras sejam retomadas. De acordo com o órgão, foi feito um desvio momentâneo do curso do riacho, por meio de um dique, para a execução dos reparos. Entretanto, devido às fortes chuvas, o nível da água voltou a aumentar.

Logo após a estrutura ceder, ainda em fevereiro, foi realizada uma intervenção emergencial no local, por meio do aterramento com areia e pedra. O serviço, realizado pela Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), foi feito "no sentido de evitar novos deslizamentos e também garantir o funcionamento da rede de água e energia da região".

A SCSP ainda ressalta que será executado um projeto na região para uma obra de drenagem e recomposição do asfalto, com sistema para maior vazão das águas pluviais. De acordo com a secretaria, essa obra "resolverá em definitivo o problema do bairro".

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