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54 famílias seguem sem acordo sobre remoção
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54 famílias seguem sem acordo sobre remoção

| BINÁRIO SANTOS DUMONT | Obra prevê remoção de 92 famílias que moram no Beco da Galinha. Segundo Prefeitura de Fortaleza, alternativa que não tiraria moradores é inviável
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CASAS no Beco da Galinha, já desapropriadas, estão sendo demolidas  (Foto: Tatiana Fortes)
Foto: Tatiana Fortes CASAS no Beco da Galinha, já desapropriadas, estão sendo demolidas

Parte das obras de implantação da nova etapa do binário da avenida Santos Dumont, agora com a rua Desembargador Lauro Azevedo, no Papicu, esbarram no processo de remoção de 92 famílias do Beco da Galinha, na comunidade Verdes Mares. Destas, 38 já fecharam acordo de indenização e outras 54 seguem em negociação. Ao todo, a Prefeitura de Fortaleza assegura que já pagou, aproximadamente, R$ 2,3 milhões em processos indenizatórios. 

"Eles vieram fazer só a medição até agora. Eu não acompanhei nenhuma reunião. Eles não conseguiram entrar em contato com meu aparelho (celular). Nem eu, nem ela aqui (casa vizinha)", afirma Jonas Filho, 47 anos. De acordo com o mecânico, a avaliação da prefeitura indicou que parte do seu imóvel será demolido.

O coordenador de gerenciamento de programas e projetos da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), André Daher, afirma que as negociações estão fluindo "normalmente" e que há uma equipe permanente no local tratando dos acordos.

"As indenização são na rua Silas Ribeiro. São 92 imóveis. Até ontem, nós tínhamos fechado 38 acordos. Esses imóveis foram edificados sobre uma via do sistema viário. Não tem nada barrando (os acordos). No início do ano, não foi possível seguir com o pagamento porque a prefeitura estava em balanço. Tão logo passou esse período, começamos a pagar e fechar as negociações", garante Daher.

A remoção das casas pretende abrir um novo trecho da via , visando uma extensão da rua Silas Ribeiro, que deverá levar o trânsito da rua Lauro Nogueira para a avenida Dom Luis, onde já integra um binário com a Santos Dumont desde 2014. Conforme a Seinf, a abertura permitirá também a ligação das ruas Valdetário Mota e Júlio Azevedo.

Em fevereiro, foi realizada uma audiência pública na Defensoria Pública do Estado para tratar da questão das desapropriações. À época, a ONG Taramela Assessoria Técnica em Arquitetura e Cidade apresentou uma contraproposta à prefeitura, sem a necessidade de remoção. A prefeitura chegou a descartar a alternativa, já avaliada por eles, segundo Daher, e a ONG ainda trabalha num relatório para contestar o posicionamento da prefeitura.

"A comunidade fica dentro da Zeis (Zona Especial de Interesse Social) do Papicu, ou seja, a legislação, teoricamente, não deveria permitir isso. Causar remoções é uma coisa muito prejudicial pra Cidade porque gera segregação social, que, por sua vez, vai causar muitos casos de violência, enfim, é um problema que é uma uma bola de neve", critica Lucas Lessa, arquiteto e urbanista da Taramela.

Para o arquiteto, seria possível continuar o binário pela Lauro Nogueira, cruzando a avenida Engenheiro Santana Júnior, passando ao lado do terminal do Papicu. Apesar do fluxo de entrada e saída de ônibus, Lucas afirma que um reordenamento solucionaria a questão.

Já André Daher defende que a proposta alternativa não solucionaria o problema pois existem outros modais em questão. "Quando vai colocar todos os modais juntos, num modelo de fluxo de tráfego, isso não funciona. O projeto que foi apresentado foi uma das alternativas que o município tinha analisado antes, mas não resolvia todos os problemas de tráfego da região. Não é um problema só de veículo, tem o VLT, tem os ônibus. Iria trazer uma lentidão", rebate o coordenador.

Mudança

Após as obras, a av. Santos Dumont passará a operar em sentido único centro-praia, no trecho entre o Túnel Barros Pinho e a Rua Dr. Francisco Matos. Já o sentido oposto, o fluxo será pelas ruas Lauro Nogueira e Silas Ribeiro, conectando-se com a av. Dom Luís.

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