Dante Rosado, coordenador da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária, alerta sobre a possibilidade de aumento de ocorrências nas estradas envolvendo mortos e feridos por excesso de velocidade. "Suprimindo fiscalização, a consequência é óbvia e imediata", diz.

Segundo o especialista, os radares eletrônicos são importantes para dissuadir condutores de terem comportamentos inadequados, como exceder a velocidade máxima permitida para a via. "Remover esses equipamentos é dar alguns passos para trás em relação à segurança viária", garante. Sobre os argumentos do Governo Federal, ressalta: "Indústria da multa é uma falácia. É uma coisa tão óbvia: só comete infração quem desobedece às regras".

Além disso, Dante exemplifica que, em se tratando de um atropelamento de pedestre em zona urbana, se o veículo estiver a mais de 60 km/h, a chance de sobrevivência chega a ser "quase nula".

Embora alegue que os radares eletrônicos não são os únicos fiscalizadores do desrespeito às leis de trânsito, Líris Campelo, superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) no Ceará, também concorda que, sem eles, "pode haver aumento de acidentes".

Por outro lado, no entendimento do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, "controle de velocidade deve existir (apenas) onde acidentes são causados por excesso de velocidade". Desconsiderando que exceder a velocidade permitida para a via é um comportamento imprudente comum, ele também alega que nem toda ocorrência é gerada por velocidade excessiva, mas sim "por imprudência no trânsito ou por problemas estruturais na via".

Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local é infração prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), podendo render, a depender da gravidade, multa, suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação.