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Cariri foi única região com chuvas abaixo da média em fevereiro
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Cariri foi única região com chuvas abaixo da média em fevereiro

| Quadra chuvosa | Prognóstico indica 40% de chances para que precipitações no Estado sigam na normal, mas região deve continuar com registros abaixo da média
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AÇUDE Batente, em Ocara, sangrou nos últimos quatro dias (Foto: Fotos FABIO LIMA)
Foto: Fotos FABIO LIMA AÇUDE Batente, em Ocara, sangrou nos últimos quatro dias

As chuvas do primeiro mês da quadra chuvosa superaram a média histórica em todas as macrorregiões do Ceará, menos no Cariri. Os 109,5 milímetros (mm) observados na região apresentaram desvio negativo de 30,6% com relação à média histórica de fevereiro, que é de 157,7 mm, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O prognóstico para o último trimestre (março, abril e maio) aponta 40% de probabilidade de chuvas dentro da normal climatológica - e 35% para abaixo da média e 25% para acima da média.

As chuvas em torno da normal, contudo, não são suficientes para atenuar os efeitos da escassez hídrica. O Ceará está com 11,25% da capacidade do sistema de abastecimento.

"Nova previsão está indicando a mesma tendência, que é uma maior probabilidade de chuvas em torno da normal para o Estado como um todo. Com uma ressalva de uma tendência de chuvas um pouco acima da média para o Centro-Norte do Estado e um pouco abaixo da média para o Centro-Sul", detalha Raul Fritz, supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme.

Segundo Fritz, a segunda probabilidade (35% abaixo da média) foi "relativamente alta" em virtude da possível influência do El Niño. Ele explica que a previsão atual é de que o El Niño - fenômeno associado a períodos de estiagem - deve ocorrer, porém, em fraca intensidade. "As águas mais quentes não atingiram valores elevados na região em torno do Equador no Oceano Pacífico".

De acordo com João Lúcio Farias, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), há um quadro positivo mais ao norte do Estado, com as bacias do Coreaú e do Litoral. "Temos situações muito críticas no Centro-Sul, como na bacia do Banabuiú, Médio Jaguaribe, Alto Jaguaribe e Sertão de Crateús", aponta. No cenário ainda preocupante de abastecimento hídrico, ações de convivência com a seca devem continuar.

"Continuamos o programa de perfuração (de poços) nos municípios e distritos, com recursos já garantidos. Vamos manter a média de perfuração. Foram construídos 6,5 mil poços nos últimos quatro anos. Além da transferência de água por meio das adutoras". Também devem continuar a retirada de águas do campo de dunas do Pecém ao Paracuru e o projeto de reúso.

Uma novidade é a iniciativa de dessalinização. "Está em curso o processo de licitação para a construção de uma planta para atender o abastecimento da RMF (Região Metropolitana de Fortaleza) com vazão de mil litros por segundo. Se dará ainda neste primeiro semestre a finalização do processo de licitação".

OCARA, CE, BRASIL, 28.02.2019: Jackson Cesário, pescador. Açude Batente sangra em Ocara.  (Fotos: Fábio Lima/O POVO)
OCARA, CE, BRASIL, 28.02.2019: Jackson Cesário, pescador. Açude Batente sangra em Ocara. (Fotos: Fábio Lima/O POVO)

Fartura no Açude do Batente

Em Ocara, na microrregião de Chorozinho, o Açude do Batente sangra desde o início da semana. Na manhã de quinta-feira, a água ainda cobria com força o traçado da represa, construída no leito do rio Pirangi, na Bacia Metropolitana.

Morador da comunidade de Mocoré, distante 4 km do Batente, o pescador Jackson Cesário, 30, aproveitava a fartura d'água. Enquanto O POVO esteve no local, ele comemorava a cheia pescando de anzol na parede do açude.

"Tá dando piau, traíra e tucunaré. Já peguei cinco", disse Cesário, exibindo o apurado no caçuá. No sangradouro, alguns jovens se banhavam nas cachoeiras que transbordavam do açude e nadavam no espelho d'água da barragem. (Thiago Paiva)

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