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Volume dos açudes é 61% maior que no ano passado
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Volume dos açudes é 61% maior que no ano passado

| Ceará | Sistema de abastecimento está em 13,45%, cinco pontos percentuais a mais que no mesmo período de 2018. Principais açudes ainda preocupam
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Av. Heraclito Graça voltou a registrar alagamento.  (Fotos: Fábio Lima/O POVO) (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Av. Heraclito Graça voltou a registrar alagamento. (Fotos: Fábio Lima/O POVO)

Prestes a chegar na metade da quadra chuvosa, o sistema de abastecimento hídrico no Ceará está com 13,45% da capacidade total, somando 2,50 bilhões de metros cúbicos (m³). O volume é 61,65% maior que no mesmo período do ano passado, quando o armazenamento era de 1,55 bilhões m³, conforme a resenha diária da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Apesar de estar em um caminho de recuperação hídrica, com abastecimento para consumo humano garantido para este ano, a situação ainda é preocupante.

No último fim de semana, as regiões de Cariri, Ibiapaba e Sertão Central registraram precipitações de mais de 100 milímetros (mm). Conforme Raul Fritz, supervisor da unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), há "previsão de retorno das chuvas, principalmente no dia 28 (amanhã), para a região do Cariri". A previsão é de nebulosidade variável - cobertura variada de nuvens - com eventos de chuva - mais de 50% da área sob previsão - em todas as regiões, de acordo com o portal da Funceme. O mês de março está prestes a alcançar a média histórica de precipitações, de 203,4 mm, tendo acumulado 192,6 mm.

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No encerramento da quadra chuvosa de 2018, no final de maio, o volume dos reservatórios era de 17,06%. Já este ano, o aporte registrado no Estado foi de 745,81 milhões m³. O Castanhão, maior açude do Estado, está com 3,60% da capacidade. Orós e Banabuiú também não estão com volume satisfatório, com 5,24% e 6,14%, respectivamente.

Conforme João Lúcio Farias, presidente da Cogerh, as bacias das regiões mais afetadas pela estiagem, no Centro-Sul do Estado, estão em situação mais crítica. Sãos elas a bacia do Sertão de Crateús (6,96%) e as da região jaguaribana - Médio Jaguaribe (3,81%), Alto Jaguaribe (5,86%), Banabuiú (7,67%), Salgado (19,19%) e Baixo Jaguaribe (41,54%).

"A gente precisa chegar pelo menos acima de 50% para atender aos múltiplos usos da águas. O Castanhão pegou menos de 30 milhões m³ de aporte. É uma situação ainda preocupante", diz. É possível se aproximar do número, segundo João Lúcio, caso os próximos dois meses da quadra tenham chuvas "com intensidade e nos locais certos". A região Norte é a única em situação considerada "confortável", como a bacia do Coreaú (90,34%) e a do Litoral (80,61%).

Responsável por atender área mais adensada, a bacia Metropolitana está com 38,94%. Os reservatórios do sistema metropolitano, que abastecem os açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião, estão com 48,92%. "É necessário mais aporte nesses reservatórios para conseguirmos continuar", avalia.

Dos 155 açudes monitorados pela Cogerh, 25 estão com volume acima de 90%, do quais 20 estão sangrando. Outros 94 estão abaixo de 30% da capacidade, 27 estão em volume morto e dez estão secos.

Plataforma registrou 25,2 mm em duas horas

A chuva que caiu com intensidade sobre Fortaleza no fim da manhã de ontem, chegou a 25,2 milímetros (mm) entre as 10 horas e o meio-dia, conforme a Plataforma de Coleta de Dados (PCD) localizada no bairro Aldeota. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Foram registrados pontos de alagamento nas avenidas Dom Manuel, Santos Dumont e Aguanambi e nas proximidades da avenida Raul Barbosa, o que dificultou a fluidez do trânsito.

Na avenida Heráclito Graça, ponto recorrente de alagamentos mais críticos, o nível da água dificultou a passagem de pedestres e veículos. Dois carros acabaram presos na água.

No cruzamento das ruas Solon Pinheiro e Saldanha Marinho, no bairro José Bonifácio, quando a água baixou foi possível ver sinais do que contribuiu com o alagamento. Várias sacolas de lixo, móveis e materiais plásticos ficaram espalhados em trecho das vias. Em dias de chuvas intensas, a passagem dos veículos chega a empurrar a água para o interior de algumas residências. "A Prefeitura limpa o 'lixão' de vez em quando, mas não adianta. As pessoas voltam a jogar o lixo, apesar da coleta passar religiosamente todas as terças, quintas e sábados", lamentou uma moradora.

Já o Estado deve receber um plano de recuperação das rodovias prejudicadas por conta das fortes chuvas. O governador Camilo Santana (PT) anunciou, através do Facebook, que o estudo está sendo elaborado pelo Departamento Estadual de Rodovias (DER). Todas as regiões do Ceará devem ser incluídas nesse levantamento.

A expectativa, segundo Camilo, é iniciar as obras após passar o período mais rigoroso de chuvas. "Se eu recupero estrada com essas fortes chuvas que estão acontecendo no Ceará, é mesmo que ter jogado dinheiro fora. O buraco volta no outro dia", justificou.

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