A manifestação contra a proposta de Reforma da Previdência, ontem, em Fortaleza, reuniu professores, integrantes de movimentos sociais e centrais sindicais, líderes políticos, trabalhadores da construção civil e estudantes.
O texto do governo de Jair Bolsonaro (PSL) determina idade mínima de 65 anos para homens, 62 anos para mulheres.
Os protestos saíram da Praça da Imprensa rumo à Praça Portugal pela avenida Desembargador Moreira durante a manhã, num percurso que durou cerca de duas horas.
Manifestantes ocuparam grande parte das duas faixas da avenida Desembargador Moreira. Carros de som tocavam músicas que criticavam o governo de Jair Bolsonaro. "Se o povo se unir, a reforma vai cair", dizia uma das canções. Um boneco do presidente foi levado por organizadores e vaiado. Houve registros de engarrafamentos na região.
A manifestação não registrou tumultos, segundo verificou equipe do O POVO nas ruas. Também não foram identificados policiais ou agentes de segurança.
Segundo participantes, a Previdência que se planeja aprovar retira direitos dos trabalhadores e dificulta a aposentadoria. Patricia Facó, da Central dos Sindicatos Brasileiros, afirma que o movimento foi puxado para demonstrar "que a classe trabalhadora não fez o rombo da Previdência" e, portanto, os trabalhadores não deveriam "pagar" por isso. A líder também pontuou que a reforma prejudica as mulheres, que foram maioria no ato na Capital.
Com forte presença de professores e estudantes, aulas em escolas municipais, estaduais e em universidades foram suspensas.
Will Pereira, estudante de 22 anos, afirma ter ido ao ato pelo futuro dos jovens e porque não quer "trabalhar até morrer". "Matematicamente falando, é praticamente impossível os jovens da periferia se aposentarem aos 60 anos ou 70 por causa da mortalidade", justifica.
Dóris Soares, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), contesta a idade proposta para a aposentadoria dos contribuintes. "Os brasileiros não têm uma perspectiva tão alta quanto estão imaginando. O Brasil pode voltar à extrema miséria com a reforma".
Em nota, o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort) afirma que mulheres, agricultoras, professoras e idosos serão os maiores prejudicados com a aprovação da emenda à Constituição.
"Além disso, a reforma dificulta o acesso a uma série de benefícios e estabelece que idosos carentes irão receber somente R$ 400 entre os 60 e os 70 anos, quando passam a ganhar um salário mínimo". (Com informações de Alexia Vieira e Gabriela Feitosa/Especiais para O POVO)