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Cheia da barragem do Cocó afeta moradores do Jangurussu
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Cheia da barragem do Cocó afeta moradores do Jangurussu

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Para quem mora no entorno da barragem do Rio Cocó, no Grande Jangurussu, a chuva que faz o reservatório sangrar tem provocado angústia. Algo que se repetiu no domingo, 10. O volume hídrico superou os 5 milhões m³ que o equipamento suporta e ocasionou alagamentos que atingiram diversas residências. Vídeos gravados por moradores registraram o momento em que a água começa a subir e se aproximar das casas.

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as chuvas acumularam 30 milímetros (mm) no domingo na Capital, um quarto dos 120 mm acumulados em 24 de fevereiro na maior enchente do ano, que deixou dezenas de famílias desabrigadas.

"A gente não conseguiu dormir. O rio encheu e a água veio voltando no canal, subiu até o batente da casa", conta Raimunda Nonata Pereira, 41. Na casa onde moram quatro pessoas, móveis, alimentos e eletrodomésticos foram estragados após quase 24 horas debaixo d'água em fevereiro.

Ela lembra que "em 2004, aconteceu praticamente a mesma coisa e na época prometeram essa barragem dizendo que seria a solução". As lembranças são compartilhadas com as vizinhas, entre terrenos próprios e invasões da margem do canal da rua Cento Nove.

Francisca Leila, 45, mora há 21 anos na mesma casa e contabiliza ter passado por quatro grandes enchentes. Além da barragem, recorda outra promessa: revitalização e regularização do canal. Marta da Silva, 45, divide a casa com mais cinco pessoas e decidiu: tudo dentro de casa ficará suspenso "até passar o inverno". "A gente fica frequentemente preocupada porque de uma hora para a outra pode acontecer de novo".

Barroso, São Cristóvão e Conjunto Palmeiras também foram atingidos por reflexos da chuva. Na manhã de hoje será realizada visita técnica e institucional aos atingidos pelas enchentes no Conjunto Palmeiras.

Construída para conter excedente de água na quadra chuvosa, a barragem do Cocó custou R$ 105 milhões. Nesse fim de semana, moradores contam que foram avisados por um dos guardas do equipamento sobre a possibilidade de abertura de mais uma das três comportas - uma já está aberta. A justificativa seria o nível da água.

A Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) informa que o barragem do Cocó está transbordando 20 cm de água. Assegura que a água continua sendo liberada em vazões mínimas.

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