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Referência de Jornalismo, Ricardo Boechat morre em acidente aéreo
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Referência de Jornalismo, Ricardo Boechat morre em acidente aéreo

| São Paulo | Helicóptero que transportava o jornalista caiu em uma rodovia e atingiu um caminhão antes de explodir
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RICARDO BOECHAT atuava em rádio, TV e revista (Foto: Nelson ALMEIDA / AFP)
Foto: Nelson ALMEIDA / AFP RICARDO BOECHAT atuava em rádio, TV e revista

Uma sucessão de infelicidades. Aparentemente com problemas, um helicóptero desce sobre a pista da rodovia. Um caminhão, que passara há pouco pela praça de pedágio, não para a tempo e colide com a aeronave em queda, que logo explode, matando os dois ocupantes: o jornalista Ricardo Boechat, 66, e o piloto, Ronaldo Quattrucci. O trágico acidente ocorreu no início da tarde de ontem no Rodoanel, perto do acesso à Rodovia Anhanguera, em São Paulo.

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Um dos jornalistas mais respeitados do País, Boechat era apresentador do Jornal da Band e da Rádio BandNews FM, além de colunista da revista IstoÉ. Ele voltava de Campinas, onde foi dar palestra para uma plateia de 2,7 mil pessoas, em evento da farmacêutica Libbs.

Segundo o capitão Augusto Paiva, da PM, testemunhas relataram que o piloto tentou pouso de emergência em uma alça de acesso, mas acabou atingindo o caminhão. O motorista do caminhão, João Francisco Tomanckeves, 52, disse à Polícia que saía do pedágio quando viu a aeronave. Mas não teve tempo para frear ou desviar. "Não vi nada. Passei e aquilo caiu como uma pedra, do nada", disse. Tomanckeves teve ferimentos leves e prestou depoimento ontem à Polícia Civil. Ele só soube que a batida era contra um helicóptero após ser informado por pessoas o ajudaram a sair do veículo.

Na bancada do Jornal da Band, entre um ácido comentário e outro, Boechat desenhava. Um elefante, nuvens, furacões. "Eram incríveis, me arrependo de nunca ter feito uma pasta guardando todos (os desenhos)", conta a apresentadora Mariana Ferrão, hoje na TV Globo, que trabalhou com o jornalista por quatro anos na Band.

Boechat foi para a empresa em 2005 e, além da TV, assumiu um programa matinal na Rádio Band News FM. Pelos microfones da rádio, distribuiu os célebres palavrões ao pastor Silas Malafaia, em mais um de seus incontáveis momentos de informação somada à indignação. Após décadas de jornalismo, se reinventou no rádio, acumulando fãs e desafetos.

Boechat já havia feito história em grandes jornais, como O Globo e Jornal do Brasil, onde revolucionou as colunas sociais, dando a elas caráter noticioso. Em sua carreira, venceu três vezes o Prêmio Esso, o mais conceituado da categoria. Aluizio Maranhão, ex-diretor de Redação do Estado de S.Paulo, que conheceu Boechat em 1970 em um curso para aspirante de repórter no Jornal do Brasil, diz que o amigo era "indomável". "Não só eletrizava a reportagem, como fazia apurações paralelas, mesmo sendo chefe."

Filho de diplomata brasileiro, Ricardo Eugênio Boechat nasceu em 13 de julho de 1952, em Buenos Aires. Teve seis filhos, Beatriz, Rafael, Paula, Patrícia, Valentina e Catarina, as duas últimas com a atual mulher, Veruska. "Pior dia da minha vida", postou ela em uma rede social. Também tinha uma neta, de 6 meses. "Não era um profissional da imprensa, era autoridade da notícia, era o Boechat", define o colunista de O Globo Ancelmo Gois. (Com Agência Estado)

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