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Lei da Recompensa pagará até R$ 30 mil por denúncias
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Lei da Recompensa pagará até R$ 30 mil por denúncias

| Contra o crime | Medida é uma das sete leis sancionadas por Camilo Santana no domingo. Conheça detalhes de cada uma delas
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No 13º dia seguido da onda de ataques que vem alterando a rotina de cearenses e desafiando o poder público, o governador Camilo Santana (PT) assinou decreto que regulamenta a Lei da Recompensa, uma das sete medidas anunciadas na sexta-feira como estratégia para deter a violência. A lei prevê o pagamento de R$1 mil a R$30 mil para quem prestar informações que levem à prevenção de atos criminosos ou à captura dos envolvidos nas ações. Camilo  garantiu que as denúncias serão mantidas em completo sigilo.

 

"Estamos trabalhando ao lado da PGE (Procuradoria Geral do Estado) e da nossa área de inteligência. As recompensas serão anunciadas, previamente, nas redes sociais e na imprensa, e estamos trabalhando exatamente na melhor forma de realizar os pagamentos sem que tenhamos riscos para a vida e integridade dos denunciantes", explicou o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), André Costa, em entrevista a O POVO.

 

O secretário também explicou que um comitê formado por representantes da SSPDS, da Secretaria da Administração Previdenciária (SAP), da PGE, da Casa Civil e da Secretaria do Planejamento e Gestão devem definir o valor de cada recompensa de acordo com critérios já estabelecidos. "Nos casos de muita repercussão, por exemplo, o comitê vai deliberar e ver se a situação é oportuna e conveniente para que seja divulgada uma recompensa", completa.

 

As medidas anunciadas preveem ainda o reforço do corpo policial (com a convocação de policiais da reserva, aumento da quantidade de horas extras e cessão de pessoal de outros entes federativos); a criação de um banco de informações sobre veículos desmontados (capitaneado pelo Detran-CE); o estabelecimento de uma Área de Segurança Penitenciária nos limites dos presídios; e a criação de um fundo específico para garantir investimento em segurança e custeio de algumas dessas medidas, como a Lei da Recompensa.

 

André Costa explicou ao O POVO que o aporte financeiro envolvido nesse plano foi conseguido graças ao equilíbrio financeiro do Estado. "O Ceará é hoje o estado mais equilibrado orçamentária e fiscalmente no País, e isso nos permite trazer inovações e novos investimentos. Vamos garantir a normalidade dos gastos públicos de forma que não crie grande impactos", afirmou, concluindo que tudo se trata de "gastar melhor o dinheiro público".

 

Presos

 

360 pessoas foram presas até a manhã de ontem, 14, conforme boletim da SSPDS. Desse total, 110 são adolescentes. Vinte e cinco foram presos por ameaças a comerciantes, tentativas de impor um toque de recolher. "Além disso, quase que a totalidade dos presos tem tido decretada a prisão preventiva", completou secretário.

 

DENÚNCIAS

 

O canal de comunicação principal será o Disque-Denúncia (181), da Coordenadoria de Inteligência (Coin). Por meio do Fale com o Secretário (85 98439 2904), pessoas podem enviar pelo WhatsApp fotos e vídeos que ajudem na prevenção e elucidação dos crimes.

 

Como vão funcionar as medidas

 

1. Convocação de bombeiros e policiais militares da reserva

 

A reversão ao serviço ativo de agentes da Polícia Militar tem o propósito de reforçar as tropas em operação. Serão chamados aqueles que entraram na reserva nos últimos cinco anos, contabilizando 1.200, que serão avaliados médica e fisicamente. Eles serão destinados a funções mais simples, como guarnição de pontos específicos e atividades administrativas, liberando dessa forma efetivo para ações mais complexas. As convocações serão realizadas até o fim desta semana.


2. Aumento do limite de horas extras para agentes

 

O abono especial por reforço operacional teve seu limite ampliado para 84 horas por mês além da jornada normal de trabalho, e vai abranger todos os policiais, civis e militares, além de bombeiros e agentes penitenciários. Em situações excepcionais e devidamente motivadas, será possível dispensar o cumprimento de intervalo entre as jornadas regular e especial. A medida foi criticada por especialistas em segurança pública, que chamaram atenção para o desgaste físico e emocional e para a falta de assistência biopsicossocial a que esses profissionais são submetidos.


3. Lei da Recompensa

 

Prevê pagamento em dinheiro para informações que sejam prestadas pela população à Polícia e resultem na prevenção de atos criminosos e na prisão de envolvidos nas ações. O valor, variável entre R$1 mil e R$30 mil, será definido por comissão formada por representantes da SSPDS, da Secretaria de Administração Previdenciária e outras entidades. As recompensas serão divulgadas, como explicou André Costa, em redes sociais e veículos de imprensa. O canal de comunicação será o Disque-Denúncia (181) e o WhatsApp Fale com o Secretário (85 98439 2904), que permite envio de fotos e vídeos. A prestação da informação e o pagamento serão feitos com absoluto sigilo. Caso seja necessário, o denunciante poderá ser inserido no sistema de proteção às pessoas ameaçadas.


4. Fundo de Segurança Pública e Defesa Social

 

O antigo Fundo da Defesa Social (FDS) foi reformado. A adequação veio para permitir, entre outras coisas, o recebimento de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. Entre as mudanças está a exclusão da antiga Sejus, hoje Seap - que já tem um fundo próprio, o Funpen. Por outro lado, foram incluídos órgãos que não participavam, como Aesp, Pefoce e Supesp. Os recursos vão garantir investimentos na segurança e o custeio da Lei da Recompensa.


5. Banco de dados sobre veículos desmontados

 

Para combater furto e roubo de veículos e receptação de autopeças no Ceará, haverá registro de peças ou conjunto de peças usadas que são destinadas à reposição, à sucata ou a alguma outra finalidade. A implementação e gestão desse banco de informações serão competência do Detran-CE. Será criado também um comitê formado por representantes do Detran, das polícias civil e militar, da Pefoce e da Sefaz com o objetivo de fiscalizar a desmontagem de veículos registrados no Ceará.


6. Restrição ao uso do entorno dos presídios

 

A lei cria a Área de Segurança Penitenciária (ASP) no entorno dos presídios do Ceará com o objetivo de evitar fugas e interromper o contato dos presos, por qualquer meio, com o exterior. A área é definida a partir do muro até o limite de 100 metros, excetuando os presídios já construídos em áreas urbanas com entorno ocupado. O uso e a ocupação da ASP estão sujeitos a uma série de restrições especiais, como a necessidade de iluminação e a proibição da exploração de atividades agropecuárias e da construção de edificações que dificultem a segurança. A lei também veda a instalação de tomadas de energia elétrica nas celas.


7. Autorização de convênios e parcerias

 

Visa facilitar o compartilhamento de pessoal na área de segurança pública e penitenciária com outras unidades da federação. Isso também pode ser estendido a órgãos estaduais de segurança pública, por meio de convênios nos quais serão definidas condições e obrigações inerentes à cessão, inclusive no que diz respeito às despesas.

O contingente de policiais que podem ser cedidos a outros órgãos do Estado é limitado a 9%.

 

Números

 

1,2 mil agentes da Segurança Pública do Estado que entraram na reserva nos últimos cinco anso serão chamados

 

Bate-pronto

 

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, em entrevista, na manhã de ontem, na sede da SSPDS, comentou as medidas sancionadas pelo governador.

 

O POVO - Quais os custos desse plano com recompensas, horas extras e convocação de policiais da reserva?

 

André Costa - A gente vai fazer uma programação desses gastos. E também algumas adequações que estão sendo trabalhadas junto à Seplag (Secretaria do Planejamento e Gestão), como aceleração da contratação de agentes penitenciários e estabelecimento de recompensas. Vamos garantir a normalidade dos gastos públicos de forma que não tenha grandes impactos. É gastar melhor o dinheiro público, investir melhor.

 

OP - O senhor citou a diminuição do número de ataques. Mas estão mais qualificados em termos de impacto?

 

André Costa - Eu vejo até o contrário. A gente tem algumas ações com uso de explosivo. Mas antes a gente tinha muita ação incendiária, o que vem se reduzindo. (...) Na grande maioria foram ataques de menor impacto, (...) algumas tentativas de incêndio com coquetéis molotov que foram frustradas e tiveram pouco ou quase nenhum impacto. Mas temos também essas ações que resultam em perda de ônibus, caminhões e veículos. Por isso, a gente sabe que não pode baixar a guarda, temos que manter o ritmo e a mesma pegada. E a gente conta muito com a participação da população, denunciando.

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