[FOTO1]
A decisão de ser pais, para Francisco Hélio Pereira, 36, e Nathália de Oliveira, 38, veio do acolhimento. Ter filhos era bem mais importante que projetar como esperavam que fosse a criança. "Não tinha como apontar como meu filho viria. Na minha mente e no meu coração, só queríamos ser pais. Até porque, quando se está grávida, não se pode eleger", ensina a professora. Por essa abertura e com o auxílio do Grupo de Apoio Acalanto, em seis meses Valentina, uma menina que veio com sorriso sem fim e uma paralisia cerebral, podia ser chamada pelo casal de filha.
No domingo, dia 27, o Grupo de Apoio Acalanto realiza capacitação para quem tem interesse em trabalhar como voluntário da organização, oferecendo apoio jurídico, psicológico e pedagógico a pais adotivos, pretendentes à adoção e crianças e adolescentes abrigados. O objetivo do grupo é desenvolver um trabalho de esclarecimento, estímulo e encaminhamento à adoção legal e segura.
"Podia ser branco, negro, albino. Menino ou menina. Não tínhamos distinção. Assim que olhei pra Valentina, senti um amor tão forte no meu coração, que ela só podia ser minha filha", narra a mãe. Faltava poucos meses para que a menina completasse dois anos quando os pais foram vinculados à criança e Nathália conta que a ajuda do grupo Acalanto foi importante não para a decisão de adotar, mas para confirmar que essa iniciativa era o certo a fazer.
Números mais recentes apontam que no período de 2013 até o primeiro semestre de 2016 foram realizados 95 processos de adoção em Fortaleza. O Acalanto Fortaleza, durante esses três anos, acompanhou 57 processos de adoção, sendo sete soropositivas, duas com paralisia cerebral, 18 crianças com mais de 5 anos, cinco grupos de irmãos e quatro casos de desistência. O atendimento acontece com crianças e famílias de Fortaleza, Eusébio, Maracanaú, Limoeiro do Norte, Sobral, Caucaia e Brejo Santo.
A publicitária Leonilda Cidrack está no grupo Acalanto desde a fundação. Eram cinco amigos, que já trabalhavam como voluntários individualmente e decidiram se unir para fortalecer o trabalho da adoção.
Pais são acolhidos no grupo com orientações sobre cadastro de adoção, apoio psicológico no período de espera e acompanhamento até o momento da vinculação a uma criança.
Deusimar Rodrigues de Alencar, chefe da Seção de Cadastro de Adotantes e Adotandos da Comarca de Fortaleza, afirma que o perfil de busca por crianças para a adoção é, na maioria das vezes, voltada para meninas de até três anos de idade (36%). "Somente 14% é formado por pais que querem filhos até os cinco anos. A partir dos seis, a média é entre 6% e 8%. Os números representam uma evolução.
Alencar afirma que até 2015 havia muito tabu com crianças com mais de cinco anos porque os adotantes acreditavam que elas já tinham a personalidade formada. "Esses mitos vão se desfazendo ao longo do tempo e o papel de instituições de ajuda são fundamentais para que isso deixe de ser disseminado". Atualmente, existem 51 crianças vinculadas a famílias - parte delas residindo com os pais ou sendo visitadas nos abrigos.
Fortaleza hoje conta com 399 crianças ou adolescentes acolhidas em abrigos e 94 delas disponíveis para adoção. A lista de espera é de 215 pais. "Os números não batem porque boa parte está acima dos 11 anos, outra é que são grupos de irmãos ou de crianças com deficiência. Quando aparece alguma criança dentro do perfil ela é imediatamente vinculada a alguma família. É uma realidade dura para as crianças à medida em que ficam mais velhas", diz Alencar.
Serviço
Capacitação para voluntários
Quando: Domingo, 27 de janeiro
Horário: 8 às 12 horas
Onde: Sindicato dos Bancários (Rua 24 de Maio, 1289 - Centro)
Inscrições: R$ 25 (pagamento no local)