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Em recuperação após cirurgias, gêmeas voltam ao CE em fevereiro
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Em recuperação após cirurgias, gêmeas voltam ao CE em fevereiro

| Separadas | Nascidas ligadas pela cabeça, elas passaram, ao longo do ano passado, por quatro cirurgias Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
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No próximo mês, as gêmeas Maria Ysadora e Maria Ysabelle, de 2 anos, devem retornar para o Ceará. Mas será como pela primeira vez na terra natal. Nascidas como siamesas craniópagas (ligadas pelo topo do crânio), algo raro, elas passam pelo processo de cicatrização da cirurgia para retornar ao lar separadas fisicamente. Segundo o neurocirurgião pediátrico Eduardo Jucá, a recuperação das meninas tem sido satisfatória. 

 

As cearenses nascidas em Patacas, distrito de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), devem continuar o acompanhamento no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), após as quatro cirurgias para concretizar a separação. 

 

Os procedimentos cirúrgicos foram realizados ao longo do ano passado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, período no qual a família passou a residir na Universidade de São Paulo (USP). 

 

Conforme Jucá, coordenador de cirurgia pediátrica do Hias, a equipe aguarda a cicatrização para que elas possam retornar com segurança. "Não tem mais nada da parte neurológica. A gente aguarda a parte de cicatrização. Nessas etapas posteriores não há pressa na equipe. Como vai passar por uma viagem de avião, a gente quer que elas venham com uma boa cicatrização", explica.

 

Ele avalia que o desenvolvimento e as respostas das irmãs aos estímulos têm sido bons, após a série de procedimentos de separação. "A neuroplasticidade está se desenvolvendo porque elas passaram dois anos vivendo com um cérebro compartilhado. Isso está sendo surpreendente, com um desenvolvimento bom. Estão interagindo, se alimentando, assistindo vídeo", acrescenta. 

 

Em cada uma das três primeiras cirurgias (em fevereiro, maio e agosto), foram abertas partes do crânio das gêmeas para fazer a separação de veias. A última cirurgia, realizada em outubro, durou 20 horas e contou com a participação de 30 profissionais. No procedimento, foi feita a reconstrução do espaço na parte superior do crânio por onde elas estavam, até então, ligadas. O processo contou com o neurocirurgião americano James Goodrich, do 

Montefiore Medical Center de Nova York, especialista em cirurgias do tipo.

 

O médico explica que elas apresentam dificuldades motoras pelo tempo em que ficaram sem estimulação. "Ainda não estão andando. Vão precisar de fisioterapia para desenvolver o novo aprendizado motor baseado na nova maquinaria neural que elas dispõem". 

 

Maria Ysadora e Maria Ysabelle vão continuar o acompanhamento nas especialidades de neurologia, pediatria, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia. (Ana Rute Ramires)

 

Custeio 

 

O procedimento foi estimado em cerca de R$ 100 mil, custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As demais despesas foram rateadas entre Faculdade de Medicina da USP, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e Secretaria

de Saúde do Ceará (Sesa).

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