Seis unidades de saúde de Monsenhor Tabosa (a 311,1 km de Fortaleza) ainda estão sem atendimento após a saída dos médicos cubanos. Destas, três vagas são em comunidades indígenas. De acordo com Celi Bezerra Saraiva, titular da Secretaria da Saúde do município, a cidade contou com inscrições. No entanto, até ontem, ultimo dia de apresentação de médicos inscritos, os profissionais não apareceram para assumir a vaga.
"A questão do impacto foi principalmente a falta da cobertura do atendimento da população, tanto as comunidades convencionais como as indígenas", explica. Conforme a gestora, a ausência do atendimento médico nestes locais resultaram em maior demanda hospitalar. Celi conta que essa procura pelas emergências resulta inclusive em maior custo para o município. "E é desgastante também para a população, que faz grandes deslocamentos por atendimento. Antes, o médico não só atendia no posto como fazia a constante visita domiciliar".
Sobre a expectativa de preenchimento das vagas, ela conta que é baixa. A experiência, conforme ela, assemelha-se à dificuldade de permanência de profissionais antes da chegada de médicos cubanos ao Brasil.
Josete Tavares, presidente do Conselho Estadual de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-CE), explica que apesar de haver penalidade para o município que desliga o profissional do programa de forma súbita, o médico que deixa a vaga do programa não enfrenta nenhuma burocracia. Assim, a busca por locais com melhor estrutura e melhor remuneração acaba sendo recorrente. "É um movimento que ainda vai prevalecer durante um bom tempo, porque está regulado pelo mercado". (Eduarda Talicy)