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Descoberta nova espécie de camarão a partir de fóssil na Bacia do Araripe
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Descoberta nova espécie de camarão a partir de fóssil na Bacia do Araripe

Este é o primeiro registro no mundo da família Solenoceridae para o período cretáceo, ocorrido entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás
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Pesquisadores cearenses descobriram fóssil de nova espécie de camarão, de cerca de 120 milhões de anos, proveniente da Formação Romualdo, na Bacia do Araripe - região que abriga sítio paleontológico na divisa dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. A peça foi divulgada, ontem, na sede do Geopark Araripe, no Crato.

Esse é o primeiro registro no mundo do gênero e espécie Priorhyncha feitosai, da família Solenoceridae, do período cretáceo, ocorrido entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás. Os camarões solenocerídeos são estritamente marinhos e de ampla utilização comercial e culinária.

O fóssil do crustáceo, de aproximadamente 13 milímetros, foi preservado em folhelho - tipo de rocha -, encontrado no município de Trindade, em Pernambuco, numa região de exploração de gesso.

A mestranda em Bioprospecção Molecular na Universidade Regional do Cariri (Urca), Damares Alencar, que esteve à frente da pesquisa, conta que o trabalho começou em 2016 e se deu em etapas. "Levou esse tempo porque tem toda a parte de coleta, de triagem, de análise em laboratório. Existe todo um cuidado. Em seguida, teve a parte da descrição da espécie, que foi um trabalho em conjunto".

Além da Urca, o estudo foi realizado com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Sagrado Coração (USC).

Da família Solenoceridae, já se conhecia nove gêneros atuais e apenas dois gêneros fósseis - um do período jurássico e outro do cenozóico. Damares explica que a criação de novos gênero e espécie se deu após comparação com os outros já existentes. "Temos uma chave de identificação específica, que reúne todos os gêneros, espécies e famílias de todos os camarões marinhos descritos até o momento. Comparamos todos os detalhes, as características morfológicas, até não conseguir encaixar em nenhuma espécie fóssil e atual".

Entre as características do crustáceo: a existência de dentes rostrais na região dorsal e ausência na região ventral. Segundo Damares, a nova espécie feitosai é uma homenagem ao padre Meri Feitosa, um dos precursores na contribuição da paleontologia no Cariri.

O coordenador da pesquisa e curador do Museu de Paleontologia da Urca, Álamo Feitosa, detalha que a descoberta aponta a ingressões marinhas - a entrada do mar nessa região. "Esse é um ser bentônico, rastejante no fundo do mar. O outro fóssil descoberto no começo deste ano era planctônico, vivia flutuando. Quando temos essas duas espécies diferentes de camarão no mesmo substrato, é um indicativo de que esse material de águas profundas chegaram aqui através de tsunamis".

O fóssil deverá ficar em exposição no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, que possui em torno de 11 mil peças.

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