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Com déficit de obstetras, Prefeitura deve lançar contrato com cooperativa em 60 dias
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Com déficit de obstetras, Prefeitura deve lançar contrato com cooperativa em 60 dias

| VAGAS EM MATERNIDADES | Quadro reduzido impacta no atendimento às parturientes
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O problema de déficit de profissionais da área de ginecologia e obstetrícia se arrasta há anos em Fortaleza. Isso é causado, principalmente, pela falta de concursos para atuação nas maternidades da rede municipal. Segundo médicos que trabalham na rede, o quadro reduzido impacta na oferta de atendimento às parturientes. Para mitigar a crise, dentro de 60 dias a Prefeitura deve formalizar proposta de contrato com a cooperativa do setor para a contratação de plantonistas. 

 

A rede municipal tem 283 leitos, entre neonatal e obstetrícia em geral, nos três Gonzaguinhas (Barra do Ceará, Messejana e José Walter), Hospital e Maternidade Dra Zilda Arns Neuman (Hospital da Mulher), no Jóquei Clube, e Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará.

 

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no entanto, não dispõe de pronto da quantidade de profissionais que atuam no quadro de ginecologia e obstetrícia nessas unidades (em atividade e afastados, ligados diretamente à Prefeitura e vinculados a cooperativas). Precisaria coletar os dados junto a cada hospital. 

 

Segundo Jáder Rosas Carvalho, vice-presidente da Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Socego), a rede trabalha com defasagem de obstetras, o que prejudica o atendimento e expõe os profissionais "a demandas ético-judiciais", visto que o médico fica mais suscetível ao erro quando está sobrecarregado.

 

"Os funcionários se aposentam, entram de férias, licença-prêmio, licença-maternidade. Acaba resultando na escassez de profissionais. As maternidades funcionam na capacidade reduzida ou não funcionam. Os pacientes tem de ser transferidos, superlotando outras maternidades", detalha Jáder.

 

De acordo com Maria Helena Ferrer, ginecologista obstetra do Hospital Nossa Senhora da Conceição, é comum as maternidades ficarem com atendimento restrito por falta de corpo clínico. "Nas maternidades tem de ter no mínimo dois. Não pode operar só com um, tem que ter um reserva caso o profissional passe mal durante a cirurgia, por exemplo. Quando é uma maternidade maior, tem de ter três".

 

Ela explica que com essa situação, as pacientes têm de "migrar" em diferentes unidades para conseguir atendimento nas maternidades secundárias, que realizam o atendimento de baixo risco. Muitas acabam sendo atendidas na rede terciária - como o César Cals, no Centro, o Hospital Geral de Fortaleza, no Papicu, e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), no Rodolfo Teófilo -, sobrecarregando as unidades de alto risco. 

 

"Se só tem um, fecha a porta e fica com o atendimento restrito. É muito difícil todas as maternidades estarem funcionando. Hoje (ontem), passei a manhã sozinha. Se chegasse alguma gestante, não ia poder receber", relata.

 

Segundo Raimundo Paiva, diretor do Hospital Nossa Senhora da Conceição, "dentro de 60 dias é possível formalizar os contratos". "Como só tem uma cooperativa, tem a inexigibilidade de licitação. Não há necessidade fazer análise de propostas de preço", explica. 

 

Segundo, está prevista a contratação de "60 plantões por mês para a terceira vaga e mais de 25 para cobrir vagas do segundo obstetra" no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Segundo ele, o contrato também deve contemplar os três Gonzaguinhas. Para estes não foi informada a quantidade prevista. "Até sair o contrato, a secretária a autorizou que o hospital chamasse profissionais a serem pagos como autônomos", acrescenta. 

 

Assistência à gestante em Fortaleza

 

REDE PÚBLICA

 

Prefeitura de Fortaleza

 

Gonzaguinhas da Barra do Ceará, Conjunto José Walter e Messejana

Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará

Hospital Dra. Zilda Arns (Hospital da Mulher), no Jóquei Clube

 

Governo do Estado

 

Hospital César Cals, Centro

Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Papicu

Hospital José Martiniano de Alencar, Farias Brito

 

União

 

Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), Rodolfo Teófilo

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