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Olhar para a saúde feminina vai além de questões médicas
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Olhar para a saúde feminina vai além de questões médicas

5° Congresso Cearense de Ginecologia e Obstetrícia tem discussões técnicas e atualização de especialistas, mas também rodas de conversa e programação cultural abertas ao público
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[FOTO1]Discussões sobre saúde, partilha de experiências e promoção de atualizações na área integram a programação do 5° Congresso Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, que começou ontem e segue até sábado na Universidade de Fortaleza (Unifor).

Além da programação científica direcionada para estudantes e profissionais responsáveis pelo cuidado com as mulheres, o evento promove rodas de conversa e programação cultural gratuitas e abertas ao público. Para Liduína Rocha, presidente da Associação Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, o  Congresso "é um diálogo científico e político".

"Há questões técnicas e sobre doenças, mas há também uma reflexão sobre a  mulher a partir de outros olhares".

Débora Britto, ginecologista e sexóloga, está entre os participantes do Congresso. Ela é responsável pelo programa "Superando Barreiras", da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), destinado ao atendimento de mulheres adolescentes e adultas vítimas de violência sexual. "Vim tanto para a atualização e reciclagem de conhecimentos, mas também para participar da programação aberta, ouvir as mulheres e compreender suas necessidades", conta.

No II Encontro com o Feminino Plural, diante do tema "As Cidades e as Mulheres", a cientista social Glória Diógenes explica que a cidade é "o lugar do encontro que vai construir relações de poder" e, nessas relações, a visibilidade pública é masculina. Assim, quando mulheres chegam a espaços de poder, "é como se fossem a incômoda hóspede". Para ela, criar laços de afeto e ocupar a cidade "talvez seja o que as mulheres podem fazer de mais revolucionário".

Liduína destaca que os diálogos na sala do II Encontro com o Feminino Plural são importantes para compreender as mulheres "em sua totalidade". "São temas importantes sobre o feminino e, apesar de não serem questões médicas, são questões de saúde".

Iana Soares, jornalista e fotógrafa, reflete de que forma a cidade é um lugar de possibilidades que podem ser inventadas, inclusive por meio das imagens do cotidiano. Essa discussão se estende para a exposição "As Cidades das Mulheres" composta pelo trabalho de dez fotógrafas cearenses. Cada imagem retrata, à sua forma, "as cidades que seremos a partir das mulheres que somos", explica o texto que apresenta a seleção.

Na roda de conversa "Aborto: precisamos conversar", Olímpio de Moraes, obstetra pernambucano conhecido por defender a saúde da mulher e de LGBTs, esteve presente. Diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) - o primeiro serviço médico a realizar abortos legais no Norte-Nordeste -, ele destaca que "a sociedade está mudando e as mulheres estão pegando a bandeira da saúde feminina para si".

Conforme pessoas que caminhavam pelo bloco sentavam ao redor do médico movidas pela curiosidade, Olímpio explicou as possibilidades e as barreiras ao aborto no Brasil. No País, o aborto é legalizado nos casos de estupro, risco de vida à mãe ou feto anencéfalo. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2017, foram feitos 1.636 abortos legais no País.

Ao mesmo tempo, diversos abortos clandestinos acontecem todos os dias. Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) 2016, quase uma em cada cinco brasileiras aos 40 anos já realizou, pelo menos, um abortamento. Para o obstetra, o fundamental é que os profissionais estejam dispostos a "ouvir as mulheres com empatia" e não se furtem da responsabilidade em informar e acolher.

SERVIÇO  

5º Congresso Cearense de Ginecologia e Obstetrícia

Data: Até 24 de novembro

Local: Campus da Universidade de Fortaleza (Unifor) - Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz

Os interessados ainda podem se inscrever. A programação completa está no site do evento: www.congressocearensedego.com.br

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