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Casos e óbitos por aids caem no Brasil. Ceará, porém, tem aumento
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Casos e óbitos por aids caem no Brasil. Ceará, porém, tem aumento

| 2014 a 2017 | Dados do Ministério da Saúde mostram redução de 16% dos casos e óbitos por aids no País. No Ceará, houve crescimento de 8,8%
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“Indetectáveis”. Foi com esse grito, de mãos dadas, que pessoas que vivem com HIV deram início à cerimônia que marca os 30 anos de luta contra a aids no Brasil — 1o de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a aids. Elas comemoram o fato de terem sua carga viral em níveis sequer detectados em testes laboratoriais, graças à adesão ao tratamento com antirretro-virais. Dados do Ministério da Saúde (MS) divulgados ontem mostram uma redução de 16% dos casos e óbitos por aids no País nos últimos quatro anos. 

Segundo a pasta, fatores como a garantia do tratamento para todos, a melhora do diagnóstico, a ampliação do acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento contribuíram para a queda. 

Na contramão disso, esse boletim epidemiológico revela que, no período de 2014 a 2017, houve crescimento de 8,8% no coeficiente de morta-
lidade no Ceará, que passou de 3,4 para 3,7 óbitos por 100 mil habitantes. Já em relação aos casos no Estado, desde o ano de 2014 observa-se redução da taxa de detecção de aids. Eram 14,8 casos por cada 100 mil habitantes em 2014, e em 2017 foram 13,7 para cada 100 mil habitantes, o que representa redução de 7,4%. 

No total, além do Ceará, outros quatro estados apresentam aumento na taxa de mortalidade pela doença: Rondônia, Acre, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul. Piauí e Goiás mantiveram a mesma taxa de mortalidade entre 2014 e 2017.
Todos os demais registraram queda no dado.

O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, destacou que, além de celebrar as conquistas na ampliação da assistência às pessoas com HIV/aids, é preciso refletir sobre a importância da prevenção.

“O Brasil tem dado a sua contribuição no combate à doença, com a garantia de tratamento e oferta de testes para identificar o vírus. Mas, é preciso conscientização da população, principalmente dos jovens, sobre a necessidade da prevenção. Só com uso de preservativos vamos evitar e combater o HIV e a aids”, explicou. 

Os números revelam que, de 1980 a junho de 2018, foram identificados 926.742 casos de aids no Brasil - um registro anual de 40 mil novos casos. No entanto, anualmente, a série histórica está em declínio desde 2011. Em 2012, a detecção da doença era de 21,7 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto em 2017 a taxa caiu para 18,3. No mesmo período, a taxa de mortalidade por Aids passou de 5,7 óbitos para cada 100 habitantes para 4,8. O boletim também aponta redução significativa da transmissão vertical do HIV - quando o bebê é infectado durante a gestação - entre 2007 e 2017. A taxa caiu 43%, passando de 3,5 casos para cada 100 mil Habitantes para 2.

O panorama do levantamento mostra ainda que 73% das novas infecções por HIV no Brasil acontecem entre pessoas do sexo masculino, sendo que 70% dos casos são registrados entre homens que estão na faixa etária de 15 a 39 anos.

O Ministério da Saúde anunciou que, a partir de janeiro de 2019, a rede pública de saúde passa a oferecer o autoteste de HIV para popula-
ções-chave e pessoas em uso de medicamento de pré-exposição ao vírus.

A previsão é que sejam distribuídas, ao todo, 400 mil unidades do teste, inicialmente nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba,

São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Manaus.

Ainda de acordo com o boletim epidemiológico, desde 2013, quando os antirretrovirais passaram a ser distribuídos a todos os pacientes soropositivos, independentemente da carga viral, até setembro deste ano, 585 mil pessoas com HIV estavam em tratamento no Brasil.

A maioria - 87% - faz uso do dolutegravir, que aumenta em 42% a chance de supressão viral (diminuição da carga de HIV no sangue) em relação ao tratamento anterior. A resposta, neste caso, também é mais rápida: no terceiro mês,
mais de 87% dos usuários já apresentam a redução. (Com Agência Brasil e AFP)

PREOCUPAÇÃO GLOBAL

Cenário mundial de luta contra a aids

O número de novas infecções por HIV está aumentando em cerca de 50 países, e as novas infecções globais pelo vírus caíram 18% nos últimos sete anos — de 2,2 milhões em 2010 para 1,8 milhão no ano passado.

Embora represente quase a metade do total registrado durante o pico da doença, em 1996 (3,4 milhões), o declínio, segundo o Unaids (Programa Conjunto dasNações Unidas sobre HIV/Aids), não é rápido o suficiente para alcançar a meta de menos de 500 mil pessoas até 2020.

Desde 2010, as mortes relacionadas à aids diminuíram 24% na África Ocidental e Central, contra um declínio de 42% na África Oriental e Austral.

Novas infecções entre crianças diminuíram apenas 8% nos últimos dois anos. Só metade (52%) de todas as crianças que vivem com HIV está recebendo tratamento, enquanto 110 mil morreram em 2017.
 
Embora 80% das mulheres grávidas vivendo com HIV tenham acesso a medicamentos antirretrovirais para prevenir a transmissão do HIV, no ano passado 180 mil crianças foram infectadas pelo vírus durante o parto ou a amamentação — longe da meta de menos de 40 mil até o fim de 2018.

Fonte: Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids)
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