Logo O POVO+
Mãe de criança estuprada em presídio rebate boatos sobre o caso
CIDADES

Mãe de criança estuprada em presídio rebate boatos sobre o caso

Ela fala do crime e diz que filha está traumatizada. Critica ainda abordagem feita por supostos agentes da CGD
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL

[FOTO1] 

Após uma noite de motins em unidades penitenciárias do Estado, protesto capitaneado por companheiras de presos foi realizado ontem. Reivindicando melhorias nas condições dos presídios, as manifestantes chegaram a incendiar pneus para bloquear trecho da BR-116, em Itaitinga, na Grande Fortaleza. Também ontem, agentes penitenciários cobraram melhores condições de trabalho.

[SAIBAMAIS]As manifestações ocorrem três dias após uma crianças de 11 anos ser estuprada no Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), em Itaitinga. Também ontem, a família veio a público se pronunciar sobre o crime. A mãe da menina conta que a filha está em choque. Em entrevista a O POVO, ela relata como o caso ocorreu para rebater boatos que passaram a circular nas redes sociais. Ainda critica abordagem que considerou abusiva de agentes que ela diz ser da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

Conforme a mulher, que terá a identidade preservada, a menina está traumatizada. "Ela foi para o colégio e a diretora disse que ela estava pelos cantos, chorando". Segundo conta, o estupro ocorreu no momento em que o pai levou a garota e suas duas irmãs para gravar o nome de uma professora em uma casinha-cofre, o que seria um presente. O homem que viria a cometer o crime era quem faria as inscrições. O estupro ocorreu não na cela, mas no pátio, em um local que a mãe da vítima chama de casinhas de pano, usada por presos que não recebem visita para se proteger do sol.

A menina diz que o estuprador mandou-a sentar em um colchão. "Foi em um instante em que o pai dela saiu. Ele [o estuprador] colocou a bolsa dele, aquelas bolsas que a gente leva de malote, numa perna. Na outra perna, ele 'acochou' a perninha dela para que ela não saísse. Disse que era para ela não se alarmar e não falar para ninguém", conta a mãe dela. Somente um homem, que seria obreiro de uma igreja, estava perto de onde ocorreu o crime, conta a mãe, mas ele teve a visão do crime encoberta pela bolsa.

A menina conseguiu escapar e correu para a cela, onde contou para a mãe o que aconteceu. Ela examinou a criança no banheiro e constatou a violência sexual. "A calcinha dela estava suja de sangue". A menina foi levada para a Coordenador de Medicina Legal (Comel), onde um médico atestou a agressão, conta a mãe. O caso foi levado para a Delegacia Metropolitana de Itaitinga. O acusado foi transferido para uma outra penitenciária após receber ameaças dos presos do Cepis. Ele foi identificado como Márcio da Silva da Costa.

Conforme a mulher, a criança ainda não recebeu acompanhamento psicológico. Os únicos entes estatais que a procuraram foram os supostos agentes da CGD. "Eu acho que deviam ter vindo uma assistente social ou, pelo menos, uma agente penitenciária para fazer perguntas para a minha filha. Eles estavam fazendo perguntas sobre as partes da minha filha. Não era para eles fazerem. Eles são homens!".

 

Motim 

Internos atearam fogo em colchões, quebraram grades e tentaram invadir a ala dos presos isolados (onde estaria o suspeito do estupro) na Cepis. O tumulto foi controlado na manhã de ontem.

O que você achou desse conteúdo?