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O câncer foi a primeira luta. Depois, veio a fila para fazer reconstrução mamária e recuperar parte do corpo que a doença tomou. Agora, até 50 mulheres ganham a chance de realizar a cirurgia após uma espera que, para algumas, durou anos. A possibilidade vem através do mutirão da Fundação Brasileira de Cirurgia Plástica (FBCP) em hospitais da Capital até sexta-feira, 21. A ideia é diminuir a lista de espera pelo procedimento no Ceará e devolver autoestima a mulheres.
O secretário da FBCP no Ceará, Cláudio Santos, explica que as filas para realizar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) demoram, em média, de seis meses a um ano e que muitas mulheres acabam desistindo.
O direito à reconstituição mamária após mastectomia é garantido pela lei 12.802/2013, que determina que a cirurgia deve ocorrer, de preferência, de forma imediata, logo que a mama é retirada. Cláudio aponta que, no entanto, isso ocorre para apenas 10% das pacientes, devido a diversos problemas, tanto clínicos quanto estruturais.
Para a dona de casa Judith Faustiano, 66, a espera foi de quatro anos. "Tinha noite que eu acordava apavorada, dizia para o doutor (que queria logo a cirurgia), eu chorava". Tendo feito a reconstrução mamária, agora é tempo de alegria. "Eu não me aceitava, não aceitava ficar só com um peito. Quero gritar para o mundo que eu estou feliz. Era o meu sonho".
Durante o mutirão, estão sendo feitas reparações tardias e reparação de cirurgias que precisam de um segundo procedimento para que o resultado estético fique mais harmonioso. Conforme o presidente da regional Ceará da FBCP, Giovanni Martins, a demanda no Estado para reparações mamárias é grande. Ele afirma que a meta para a semana é que até 50 mulheres sejam atendidas. Nos três primeiros dias, de segunda a quarta, 21 cirurgias foram realizadas.
"A paciente que passa por uma mastectomia tem uma perda da autoestima muito grande. A cirurgia devolve a ela uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, a saúde", afirma Vitor Muniz, cirurgião plástico do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).
O mutirão deste ano ocorre no HUWC e hospitais Geral de Fortaleza, da Mulher, Dr. César Cals e Fernandes Távora. Devido à ação, a fila no HUWC para esse tipo de procedimento foi zerada. As mulheres foram chamadas considerado tempo de espera e urgência.
Aguardando a cirurgia que estava marcada para às 11 horas de ontem, a dona de casa Maria de Fátima Germano, 46, trazia um sorriso no rosto. "É motivo de muita alegria, a autoestima vai lá para cima. Eu vou ficar mais feliz, eu já sou feliz, mas vou ficar mais".
CIRURGIAS
Pedro Martins, presidente da Fundação Ipeah, relata que a FBCP realiza mutirões desde 2010. Já foram realizadas ações para casos de reparação de câncer de pele, fissuras labiopalatinas, sequelas de queimaduras e malformações congênitas.