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Mãe salva filha instantes antes de morrer em acidente de ônibus
CIDADES

Mãe salva filha instantes antes de morrer em acidente de ônibus

| EM FORTALEZA | A vítima amamentava no coletivo e percebeu que seria atingida na colisão com caminhão. Ela jogou a criança nos braços de um homem que evangelizava para passageiros
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Thaís Silva Almeida, 27, cuidou da filha até o último momento de vida. A passageira do ônibus da linha 680 - José Walter/ Papicu/ Cidade Jardim foi vítima da colisão com caminhão, na manhã de ontem, enquanto estava amamentando a filha de 2 anos e 11 meses. Conforme depoimentos de pessoas que estavam no coletivo, ao perceber que seria atingida, a dona de casa jogou a menina nos braços de outro passageiro, que fazia pregações religiosas no ônibus, identificado como Wellington. Ela faleceu na hora, presa às ferragens. A filha sobreviveu e tem quadro estável.

 

"Sempre cuidou muito bem dos filhos dela, era forte e lutava muito para dar tudo o que fosse preciso para eles, porque nós somos de uma família muito humilde", definiu o primo Michael Vieira, 25. Além da caçula, Thaís era mãe de um menino de 6 anos e outra menina, de 9.

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Na manhã de ontem, estava levando a filha, que tem diagnóstico de paralisia cerebral, para consulta de rotina no Hospital da Rede Sarah. "Foi uma mãe batalhadora até o fim, não faltava a uma consulta que a filha dela precisasse. 

Ela era minha prima, mas é como se fosse uma irmã", disse Michael.

 

O acidente ocorreu na avenida Alberto Craveiro (bairro Dias Macedo) quando o coletivo, da empresa Maraponga, colidiu na traseira de um caminhão. "A sensação que fica é de revolta. Como um ônibus bate em um caminhão parado sem tempo para desviar?", questionou Vieira. Por meio de nota, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) informou que agentes apuraram no local do acidente que o motorista do caminhão estava parado na faixa exclusiva de ônibus esperando o fluxo de veículos diminuir para que ele pudesse manobrar e entrar num galpão. A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) afirmou que a central de monitoramento, através do GPS dos veículos, "revelou que o motorista do ônibus trafegava na velocidade de 49 km/h e a velocidade permitida da via é de 60km/h".

 

O POVO procurou a empresa Maraponga na noite de ontem para falar sobre o assunto. Um funcionário respondeu que quem poderia atender a demanda era o setor administrativo, que só funciona até as 16 horas. Familiares afirmam que não receberam apoio de nenhuma das partes. "Não recebemos apoio de nada, nem uma ligação, estamos por conta própria", disse Michael.

 

No próximo sábado, 15, é aniversário de três anos da menina e Thaís estava voltando as atenções nos últimos dias para preparar uma festinha. Já planejava ir ao Centro comprar a decoração da personagem Galinha Pintadinha, a preferida da menina. Não deu tempo.

 

"A Thaís é uma mulher muito simples, estava guardando dinheiro para fazer uma festinha", contou o primo. "Mas a gente ainda vai fazer, a gente é muito humilde, mas isso a gente pode dar para ela". (Colaborou Jéssika Sisnando)

 

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