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Cacique não corre risco de morte após ser baleada
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Cacique não corre risco de morte após ser baleada

| Maracanaú | Madalena Pitaguary foi lesionada à bala na quarta-feira. Ela foi submetida por cirurgia e passa bem. Aldeia sofre histórico de violência
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Não corre risco de morte a cacique da tribo Pitaguary baleada na noite dessa quarta-feira (12), em Maracanaú (Grande Fortaleza). Maria Madalena Braga da SIlva, a cacique Madalena Pitaguary, de 53 anos, voltava para casa, na Aldeia Santo Antônio, quando foi atacada, na rua Manoel Pereira, por um homem que usava balaclava e saiu de um matagal, informa a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

 

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste, a cacique entrou em luta corporal com o agressor, momento em que o disparo foi efetuado. A cacique Cláudia Pitaguary contou que o tiro atingiu a nuca de Madalena. Ele ainda tentou atirar outras vezes, mas a arma não funcionou, relata a cacique. "Parecia ser uma arma artesanal porque parou de funcionar". No momento do crime, Madalena estava em um grupo com mais quatro pessoas.

 

Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso. A SSPDS não divulgou linhas de investigação. A Delegacia Metropolitana de Maracanaú apura o caso. Conforme o Cimi, órgão vinculado à Conferência de Bispos do Brasil (CNBB), a cacique passou por uma cirurgia na cabeça, na tarde de ontem, devido às consequências do disparo: afundamento de uma parte do crânio e a presença de chumbo na região atingida. Ela está consciente e internada em um hospital.

 

Em nota, o Cimi ressaltou que este é só mais um de uma série de episódios de violência ocorridos na aldeia. A entidade lembrou que, em agosto de 2017, um índio da etnia foi espancado e teve o corpo incendiado. Maurício Alves Feitosa, de 27 anos, dormia quando foi atacado por dois homens. A irmã dele, em março 2016, havia sido atacada a golpes de facão. A cacique Ceiça Pitaguary sofreu lesões nos braços e na cabeça, mas, assim como Maurício, conseguiu se recuperar.

 

Para o Cimi, a violência é efeito da falta de conclusão do procedimento de demarcação da terra indígena, "pleiteada pelos Pitaguary há décadas". "A situação se tornou ainda mais dramática após a Portaria 001 da Advocacia-Geral da União (AGU), que oferece um ambiente favorável aos agressores e invasores dos povos e terras indígenas", afirma a nota.

 

Em março do ano passado, a própria Madalena teve a casa em que morava derrubada. Segunda a denúncia do Observatório do Autoritarismo, os responsáveis foram homens que reivindicam a posse do terreno onde se localizava a casa. Conforme a comunidade, o local faz parte da reserva indígena Pitaguary.(Com informações de Gabrielle Zaranza)

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