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Capital ainda carece de ações específicas voltadas para motociclistas
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Capital ainda carece de ações específicas voltadas para motociclistas

|SEGURANÇA NO TRÂNSITO| Faltam dados sobre infrações cometidas por motociclistas em Fortaleza e estratégias para reduzir acidentes envolvendo motos
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Mais de 3,5 mil motociclistas vítimas de quedas ou colisões foram atendidos no Instituto Doutor José Frota (IJF) no primeiro semestre deste ano. Embora alto, o número representa redução de 43% nos registros de atendimento a motociclistas no IJF quando comparado ao primeiro semestre de 2014. Além disso, revela que é possível diminuir o risco da condução sobre duas rodas. Só que, para tanto, há de se concentrar esforços. Ter estatísticas que, em Fortaleza, são precárias e investir em engenharia, educação e fiscalização.

[SAIBAMAIS] 

Uma tentativa relacionada à questão educativa é a construção, em Messejana, de escola para formação e reciclagem de motociclistas. O equipamento, a ser gerido pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), deve ser concluído pela Prefeitura em dezembro.

 

Luiz Alberto Sabóia, secretário-executivo da Conservação e Serviços Públicos (SCSP), comentou que o propósito é ensinar sobre direção defensiva e preservação da vida. "Pela própria dinâmica do veículo, é fácil acabar transgredindo. A questão toda é comportamental".

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Apesar desse diagnóstico, a Prefeitura não dispõe de estatísticas consolidadas, contínuas e específicas sobre motociclistas que dirigem sem habilitação ou que invadem ciclofaixas e trafegam sobre calçadas, por exemplo. O desrespeito é registrado somente como cometido por um veículo. Mesmo assim, Disraeli Brasil, gerente de Operação e Fiscalização da AMC, assegura que infrações como essas "são muito recorrentes para o motociclista".

 

Reduto de 1.105.773 motocicletas, que representam 26,1% da frota total de veículos, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), a Capital se vê, dessa forma, diante de um problema ainda mais grave que a acidentalidade de pedestres e ciclistas. Isso porque, em 2016, conforme o mais recente Relatório Anual da Segurança Viária de Fortaleza, os motociclistas tanto foram os que mais mataram como os que mais morreram no trânsito.

 

Por causa disso, havia a promessa do desenvolvimento de um plano de segurança viária específico para motociclistas ainda este ano. A Prefeitura, porém, decidiu vincular o documento a um plano de segurança viária geral da Cidade que deve ser publicado somente no segundo semestre de 2019. "Dos condutores, 22% andam acima da velocidade permitida. Quando a gente pega especificamente o motociclista, esse percentual chega a 35%", aponta Sabóia, a partir de dados que afirma terem sido colhidos em pesquisas acadêmicas.

 

Enquanto não são entregues nem o plano de segurança viária nem a escola, o executivo municipal investe em estratégias pontuais, como campanhas para o uso correto do capacete e pintura de faixas de retenção para motociclistas.

 

Sabóia assume que é preciso reforçar a fiscalização, principalmente, sobre os não habilitados. "É difícil coibir a transgressão porque os (motociclistas) que infringem (a lei de trânsito) podem fazer isso em qualquer local e a qualquer hora. É impossível ter um efetivo humano ou de câmera pra contabilizar tudo isso. Tem que ir da consciência".

 

"O pessoal fala de ônibus, bike. Quando fala em motocicleta, (a Prefeitura) se coloca de banda", reclama o presidente do Sindicato dos Motoboys (Sindimotos), Glauberto Almeida. Ele afirma que, até então, a única demanda da categoria acatada pelo executivo municipal foram as faixas de retenção nos semáforos. Ele cobra, também, a fiscalização sobre os não habilitados e os que invadem ciclofaixas, principalmente. Além disso, defende que o trabalho educativo deve ser feito envolvendo todos os atores do trânsito.

 

Delivery

 

Prefeitura e Sindimotos alertam para o problema de empresas que ofertam delivery colocarem motoboys sob a pressão de entregar o mais rápido possível. "As empresas devem primar por equipamentos de proteção, como capacete, cotoveleira", cobra Disraeli Brasil, da AMC. "Existe lei que proíbe meta", lembra Glauberto Almeida, do Sindimotos.

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