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Especialistas: Questões geográficas não justificam alagamento em túneis
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Especialistas: Questões geográficas não justificam alagamento em túneis

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O segundo alagamento em menos de uma semana do túnel Eduardo Dourado da Fonte, na avenida Borges de Melo (Bairro de Fátima), é mais um capítulo de uma história que quem mora em Fortaleza conhece bem. Outras passagens do tipo na Cidade já registraram transtornos semelhantes em função de chuvas.


O túnel da Borges de Melo foi interditado ontem pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) cedo da manhã. Por volta de meio-dia, o sentido Montese foi liberado; as faixas no sentido Aguanambi aguardavam liberação até o fim da noite.


Ao O POVO, especialistas afirmaram não existir empecilhos geográficos em Fortaleza que justifiquem os alagamentos nos equipamentos. Qualquer projeto deve levar em conta as variáveis que podem causar inundações, afirma Silvrano Dantas, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Não há nada que justifique o problema a não ser um mau projeto ou uma má execução”.


O professor Joaquim Mota, também da UFC, expõe análise no mesmo sentido. Professor do Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil, ele diz que a engenharia existe, justamente, para levar em conta essas especificidades geográficas.


É o caso, por exemplo, do caráter arenoso do solo de Fortaleza, que permite uma infiltração maior de água, exigindo mais do sistema de drenagem. “Pode acontecer um problema de drenagem em uma chuva excepcional, que ocorre de 50 em 50 anos. As chuvas dos últimos dias, embora não sejam normais nesta época, devem ser previstas”, afirma Joaquim Mota.


Ambos, no entanto, afirmaram não poder precisar o que ocorreu no túnel da Borges de Melo por não conhecerem o projeto.


A Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) informou que serão substituídas as bombas atuais de escoamento do túnel. A troca deve ser concluída até o fim da semana, afirma a Seinfra.


“Enquanto o sistema definitivo de bombeamento é implantado, foi montado um esquema de reforço às bombas atualmente instaladas para esvaziar a cisterna, caso haja necessidade”, afirmou a pasta por meio de nota. Durante o dia, operários montaram barreira de areia e carros-pipa bombearam a água do túnel. A barreira de areia, no entanto, acabou não funcionando e foi retirada.

O túnel, localizado na avenida Borges de Melo, foi inaugurado no último dia 2 de julho. Com 300 metros de extensão e duas pistas de 10 metros de largura, evita passagem de nível com as três linhas férreas que cruzam o local, duas do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e uma de carga. Foram investidos cerca de R$ 30 milhões na obra, conforme divulgou à época a Seinfra. (Lucas Barbosa. Colaborou Matheus Facundo) 

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