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Crise econômica também ajuda a explicar alta da mortalidade infantil
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Crise econômica também ajuda a explicar alta da mortalidade infantil

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Além da zika, a crise econômica pode estar por trás do aumento da mortalidade infantil no País. A recessão afetou a renda da população de tal forma que dificultou o acesso a serviços básicos, afirma o professor do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vitor Hugo Silva. Segundo ele, pesquisas nas áreas de economia e estatística apontam que a renda familiar é o principal determinante da mortalidade infantil. “Infelizmente, no Brasil, o acesso aos serviços de saúde, saneamento básico e melhores condições de vida está associado diretamente ao nível de renda”.


Além disso, a situação fiscal desfavorável afetou diretamente os investimentos públicos. “Existem relatos de redução na cobertura vacinal e na redução de leitos pediátricos”, cita. As dificuldades financeiras se somam a problemas de gestão, que, para ele, são ainda o maior problema da saúde no País.


“Pode parecer muito básico e redundante, mas, para manter a tendência de redução da taxa de mortalidade infantil, devemos investir não apenas em saúde, mas em educação e saneamento básico, que podem ter um impacto mais significativo no longo prazo”, afirma.


Em estudo publicado na revista Plos Medicine, dos Estados Unidos, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) correlacionaram a adoção de medidas de austeridade com o aumento da mortalidade infantil. No artigo, de maio último, os pesquisadores compararam a implementação de políticas como Bolsa Família e Saúde da Família com diversos indicadores sociais.


A conclusão foi de que, com a redução de investimento nesses programas, a taxa de mortalidade infantil poderia ser, em 2030, até 8,6% maior.


Em 2013, a Organização das Nações Unidas (ONU) creditou a redução dos índices de mortalidade infantil no Brasil a programas sociais como o Bolsa Família. O País havia batido a meta imposta pela entidade para diminuição dos óbitos de recém-nascidos, com redução de 73%.


Para Vitor Hugo Silva, no entanto, os dados divulgados pelo Ministério da Saúde ainda não permitem afirmar que, do ponto de vista estatístico, o aumento é significativo. “Flutuações entre um ano e outro podem ocorrer”. (Lucas Barbosa)

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